domingo, 28 de setembro de 2014

Porque o iPhone 6 dobra facilmente

Um usuário, alleras4, do Imgur (um site de compartilhamento de fotos) ofereceu semana passada uma teoria razoável de porque o iPhone 6 está apresentando problemas de dobra frequentes, em tão pouco tempo depois do lançamento. Não seria apenas por causa da finura do corpo, nem pelo fato da carcaça ser de alumínio, um metal maleável. A causa seria falha no projeto estrutural interno. Um dos parafusos, localizado perto dos botões de volume, estaria atuando como um eixo de rotação entre duas partes estruturais internas. Ver nas fotos abaixo (do site iFixit), as marcações A e B. Desta forma o dispositivo estaria predisposto a dobra mediante um tipo particular de esforço, que atue neste ponto.

Na foto abaixo vemos o parafuso, que liga as duas placas de metal. A teoria faz sentido, sendo necessário é claro comprovação científica, mas vale a pena ser investigada a fundo (clique para aumentar):



Nesta outra foto temos o ponto em que estaria ocorrendo o dobramento, justamente na posição onde internamente fica o parafuso (clique para aumentar):


Se for verdade que o dobramento ocorre com mais frequência neste ponto, isto seria mais uma forte evidência de falha de projeto. Não pondo de lado o rigor, evidências não são provas, mas não devem ser ignoradas.

Mesmo comprovada a fragilidade apontada, creio que deve ser necessário fazer uma certa força, e ainda aplicar o esforço de um determinado jeito. Vamos admitir ainda que não se deva colocar um smartphone no bolso de trás da calça e sentar nele, ou coisas igualmente destrutivas,

Só que, se for mesmo como descrito acima, esta fragilidade particular poderia ter sido prevista e evitada. Para um objeto relativamente caro  como o iPhone, uma falha deste tipo, se comprovada, prejudicaria a imagem de qualidade que o produto tem entre o público, ou pelo menos deveria prejudicar. Ao que parece já foi esquecido o erro de projeto da antena do iPhone 4, que foi comprovado e fez a Apple distribuir capinhas de graça no EUA, de material isolante para evitar o contato simultâneo dos dedos com certos segmentos da antena. Não seria a primeira vez.

Seria interessante também ficar atento no futuro a qualquer revisão deste projeto em séries posteriores do iPhone 6, como por exemplo eliminação ou realocação deste parafuso. Uma modificação aí indicaria que eles estariam corrigindo a suposta falha. Engenheiros não ficam mudando projeto à toa, isso impacta na linha de montagem, no desenho das peças. etc, ou seja, em um custo imenso. Se houver mudança ali, equivale a reconhecer uma falha grave. E o custo da mudança, quem paga? Não eu.

Aos que já compraram, só restar ter mais cuidado. A não ser que a empresa admitisse falha e fizesse recall, o que é dificil. Mesmo comprovando a teoria acima, não se trata de um vicio que leve à falha de operação sob o uso normal... cuidadoso. Quem ainda não comprou, talvez devesse acompanhar mais de perto o desenrolar deste caso.

Fonte: Business Insider

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Larry Ellison deixa comando da Oracle: indícios do fim de uma era

O CEO da Oracle, Larry Ellison, anunciou esta semana que estava deixando o cargo. Ele talvez não seja o último daquela uma geração de empreendedores de tecnologia da década de 1970 a sair de cena, mas com certeza era dos mais conhecidos. Talvez não tão conhecido pelo grande público quanto Bill Gates ou Steve Jobs, já que os produtos da Oracle sempre foram mais voltados para o mundo corporativo, principalmente servidores de bancos de dados. Ainda assim protagonizava algumas aparições na mídia pelo comportamento um tanto extravagante, como por exemplo a insistência de pousar o jato particular em área habitada fazendo barulho. Se não era o último deste grupo de pioneiros, pelo menos para mim era dos mais representativos, e de cara assim, não consigo lembrar mais ninguém. A dupla do Google, por exemplo, eu já considero de uma outra fase, posterior (final da década de 90). Com isso vai sendo marcado o fim de uma era da TI, onde desbravadores criaram as bases do que temos hoje: computadores pessoais, internet, facilidade de acesso à informação, toda uma economia girando em torno disso.

Dos fundadores das maiores empresas de TI da década de 70, quem sobrou?  Steve Wozniac saiu da Apple alguns anos depois da fundação. Steve Jobs saiu por morte. Bill Gates deixou a MS para cuidas da fundação filantrópica, e o seu sócio Paul Allen que já havia saído muito antes, nunca ocupou cargo de chefia. Steve Ballmer, que também estava na MS desde o inicio apesar de não ser um dos sócios iniciais, já passou o bastão. O pessoal da Sun já vendeu a empresa. Os fundadores do Yahoo! já passaram o comando. Estou esquecendo algum nome nesta lista? Se alguém lembrar, comente. Claro que vai ser sempre incompleta, pois são muitas empresas e todas em algum grau contribuíram para o cenário atual, mas o critério aqui é mais pela projeção individual da empresa.

Outro tópico interessante relacionado ao tema é se empresas que são cuidadas pelos seus fundadores são ou não mais criativas,  inovadoras e agressivas. Tenho a nítida impressão que sim. A Google está a todo vapor porque a dupla fundadora ainda está no comando. Agora compare com a Microsoft, que apesar de estar fazendo produtos bons e com uma gestão que atualmente eu considero correta, está apenas lutando para sobreviver: não é suficiente. A Apple, agora finalmente lançou smartphones de telas maiores, seguindo tendência do mercado com anos de atraso (embora como disse o atual CEO, pudessem ter feito antes, mas só que não fizeram! Na verdade passaram anos em uma postura de que telas maiores eram uma espécie de erro), e vai lançar um smartwatch também muito depois da concorrência, numa postura claramente reativa. Steve Jobs está fazendo falta lá.

Fonte: Exame