quarta-feira, 27 de julho de 2011

Apple disposta a acabar com os discos óticos

Primeiro veio a notícia de que os notebooks com OS X Lion não teriam discos de recuperação. Ela seria feita apenas pela Internet. Depois a de que a nova versão do Mac Mini sequer tem um drive ótico. Ao que parece, para a Apple a era da mídia ótica já passou. E os sinais vem de antes. Eles ignoraram o Blue-ray (aliás, esse eu também) solenemente. Alguns sites como o Engadget já tem reviews indignados, como este: Editorial: Apple's officially over the optical drive, for better or worse. Não adianta chorar nem espernear, a Apple só esta adiantando o que era inevitável, do seu jeito, sem perguntar nada a ninguém. Mas como nos últimos tempos ela foi precursora de tanta coisa (smartphones com touchscreen, app store, tablets, música online, etc), mesmo quem é contrário à idéia deveria pelo menos levar este fato a sério, nem que seja para rejeitar ou buscar alternativas.

Acho que é bom começar a imaginar como será o mundo daqui a algum tempo no futuro, com as tendências somadas de dispositivos "terminais" (netbooks, tablets e smartphones) e de serviços cloud, onde ficarão os arquivos pessoais, as músicas e etc. A extinção do disco ótico é só uma parte desta da tendência global de tudo ir parar na nuvem, e ser acessado via Internet.

São varias consequências, com pontos positivos e negativos (ou como disseram no Engadget, for better or worse ... ). Não será necessário guardar, organizar e cuidar dos discos. Mas uma assinatura de conexão de Internet (ou várias, hoje eu já pago o cabo e o 3G) será obrigatória. Não pagou a conta da Internet? Então tudo que foi adquirido fica sem acesso até restaurar a conexão. As músicas e filmes virão por streaming, e no máximo haveria um cache local para o que está sendo usado. Então que seja uma boa conexão! Tudo estará acessível de qualquer lugar, mas sob a guarda e o controle de outros. Se a net cai, o seu mundo doméstico e pessoal fica bem mais vazio, dependendo da existência de cópias locais em cache. Nada de vídeos, jogos, músicas ou leitura. Sim, se os livros estiverem na nuvem, e não houver uma cópia local, nem sequer leitura. É pior que a a dependência de energia elétrica, pelo menos dava pra acender uma vela e ler.


Claro que isto é só uma tendência, não é que este quadro completo tenha que acontecer, as pessoas não são obrigadas a colocar tudo o que é seu na nuvem. Talvez acabe vigorando um meio termo. Por exemplo, os seus filmes e músicas sim, mas todas as fotos de família não. Outro exemplo, atualmente tenho jogos baixados pelo Steam, sem CD/DVD de instalação, e estou muito feliz com isso, mas tenho o software instalado localmente, que roda sem mesmo sem net. Mas nem todos os jogos, os MMORPGs só com net. É um meio termo. Não vou entrar em pânico se não tiver acesso a um jogo online, mas e se eu de repente não tiver acesso ao relatório que estou fazendo para apresentar amanhã na reunião com os clientes? E se, endividado e sem pagar a Internet, perder acesso até às fotos de família? A depressão será maior?

O que vai para a nuvem ou não? Esta escolha é pessoal, mas o que for escolhido pela maioria vai acabar sendo a solução mas fácil e barata, e portanto cada vez mais escolhida. Com o fim da mídia ótica, teremos uma escolha a menos. Não estou chorando pelos meus discos óticos, mas estou meio apreensivo de onde isso vai parar. Até quando teremos pendrives USB? Até quando veremos algum um filesystem local acessível por end user? Coisas simples, como entrar na linha de comando e dar um "dir" em algum dispositivo de armazenamento que esteja na mesma sala? Não tome nada por garantido na vida.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Microsoft já está contribuindo ativamente para o Kernel do Linux

Desenvolvedores da Microsoft já estão criando ativamente contribuições para o Kernel do Linux. Em post de 16 de julho de 2011, o site "h-online.com" noticiou que um desenvolvedor da Microsoft estava no topo de contribuições para o kernel 3.0:


"Along with a number of other "change sets", Microsoft provided a total of 361 changes, putting it in seventh place on the list of companies and groups that contributed code to the Linux kernel."


Fonte:  http://www.h-online.com/open/news/item/Microsoft-contributes-a-lot-of-changes-to-Linux-kernel-3-0-1280528.html




Dado que o Linux, e o open source em geral, sempre foram encarados pela MS como concorrentes, vale a pena analisar como este fato se encaixa nesta política da empresa. Ou talvez a própria política esteja sendo revista.  A estratégia tradicional da Microsoft de atacar o Linux como sendo algo tecnicamente ineficiente e inviável, ou como sendo uma utopia de hackers, deve já estar se mostrando enfraquecida, dado que o Linux já está aí na maioria dos smartphones e tablets, numa ponta, e dos servidores, na outra, com sucesso comprovado E qualquer um pode ver isso. O outro argumento, de dizer que é mais caro manter ambientes com Linux do que com Windows Server, também fica meio difícil de sustentar, diante dos casos e mais casos de datacenters espalhados pelo mundo.





Na minha opinião, a estratégia da convivência pacífica da Microsoft com o software livre seria a melhor para todos, inclusive para a própria Microsoft, que não ficaria alienada do resto do mercado e nem de grande parcela de desenvolvedores que simpatizam com esta forma de vender o seu trabalho. Acho que seria até uma boa idéia lançar logo uma distribuição “Microsoft Linux”, para competir com o Ubuntu. A Microsoft já teve um Unix, o Xenix, que chegou a ser licenciado da AT&T e vendido com o logo Microsoft. Então já há precedentes de uso de um Unix-Like (na realidade o próprio Unix) pela Microsoft. 



Já um "Microsoft Linux", com Visual Studio e outras ferramentas .Net, com interfaces de programação para nuvem (o Azurre), e até com um MS Office for Linux, acho que teria chances de conquistar mercado. Principalmente se eles fizessem uma camada de compatibilidade com o Windows melhor e mais rápida que o Wine, liberando o fonte das DLLs necessárias. Porque eles não pensaram nisso? Sim, eu acho que poderia fazer melhor que o Steve Ballmer está fazendo ... :-)

Update 22-07-2011:
No dia seguinte a este post saiu artigo no site hardware.com.br (um site que eu leio sempre) com uma visão diferente disso. Ele argumenta que a Microsoft não abraçou o Linux e o software livre, que não está contribuindo com o Linux, que as contribuições são limitadas e servem apenas para beneficiar o uso de um produto da Microsoft. Isto é tudo verdade, mas não apaga o fato que ela contribuiu sim, não no sentido de contribuir com boa vontade, mas no sentido utilizado em  software livre, de submeter as alterações, não importa com que motivação. Aqui o ponto é o significado da palavra "contribuir". Prova também que eles fazem qualquer negócio para favorecer os próprios negócios, inclusive, no limite extremo, apoiar o linux. Como aliás fazem todas as outras empresas que apoiam o Linux, nenhuma delas o faz por ideologia. Claro que está muito distante o dia que a Microsoft lançará sua própria distro, já que a receita da Microsoft ainda se baseia muito na venda do Windows. Mas na minha opinião, se aparecerem o conjunto de circunstancias corretas, eles o farão sem o menor pesar. A idéia de lançar a MS distro no entanto foi ironia, para quem não entendeu!

Concordo que o título do meu post foi meio sensacionalista, principalmente por causa da palavra "ativamente"... mas conteúdo e os argumentos não, são apenas fatos, e uma pitada de ironia.

De novo o link para o artigo do site hardware.com.br:
http://www.hardware.com.br/noticias/2011-07/microsoft-linux.html

Update 25-07-2011:
Segundo repostado por diversos sites de tecnologia, a maior parte das atualizações incluídas no número acima se refere à compatibilidade com o Hyper-V, a tecnologia de virtualização da Microsoft, e com o Kinect.  Apesar do escopo limitado, são acréscimos bem úteis ao kernel. O primeiro pela questão da interoperabilidade dos sistemas em datacenters, e a segunda pelos múltiplas aplicações que se pode fazer do Kinect além de jogos. Tudo isso já deve estar na versão 3.0 do kernel.

Update 26-07-2011:
Nunca fiz tanto update em um único post de blog, mas vá lá, este não deu para resistir. No post inicial eu falo de um  hipotético "Microsoft Linux". Era um exagero, para mostrar a ironia naquilo, na MS participando de alguma forma, e seja lá por que motivo, do software livre. Pois bem, de certa forma a Microsoft já tem um, embora ainda em termos de uma tênue parceria com a Novell. Veja post do mesmo site anterior:

http://www.hardware.com.br/noticias/2011-07/microsoft-suse.html

Que diz com todas as letras que a MS está investindo no produto. E obtém renda com ele. Claro que também não é um investimento de boa vontade, e tem uma ameaça de processo de patentes por trás. Coincidência ou não, a Novell e o Suse estão intimamente ligados ao Mono (que é uma API .Net para linux), a Novell dá suporte ao projeto, e o Suse já tem o ambiente todo configurado para ele. Se eles quiserem ter um Linux de uma vez, e o .Net quase pronto para ela, seria só comprar a Novell. E mais, com isso poderiam de novo almejar o domínio total do mercado de servidores, jogando nos dois lados. Seria genial... :-)  Mas voltando à realidade, do ponto de vista do marketing seria inviável, é como se dissessem que já não acreditam mais no próprio sistema, seria "um shutdown de mercado"  no Windows Server. A compra de uma empresa de distribuição linux  para desmontar e tirar do mercado também seria uma estratégia, mas neste caso já não adianta, teriam que comprar as outras também. Se eles comprassem a Novell para acabar com o Suse estariam na verdade fortalecendo as outras distribuições fortes e ajudando a diminuir a fragmentação. Complicou um pouco hein? Corre o risco de eu acertar esse chute e começar a acreditar que sou vidente, porque é completamente improvável ... Acho que isso fecha por hora, tomara que nada me faça voltar a este post, mas o assunto é interessante.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Análise pessoal (e pessimista) das redes sociais

O twitter me mandou hoje um email, dizendo que está sentindo a minha falta... faz tempo que não me logo nele. O twitter foi o último exemplo de rede social que eu tentei usar. Nada tenho contra, mas acho que o destaque que elas vem tendo por aí um exagero. Em que elas melhoram a minha vida, em que são apenas perda de tempo?

Rede social ainda é o assunto da moda na midia, na área em tecnologia de informação, apesar de já ter surgido faz muitos anos. Para mim nem é exatamente uma tecnologia, é mais um uso bem específico que se faz dela. Tecnologias pra mim são as que se usam para botar esses serviços para funcionar: a internet, o HTML, os bancos de dados, as linguagens, etc. Mas rede social é uma forma fácil das pessoas comuns assimilarem e usarem a web, e deve ser por isso que ficou tão popular. Imagino que deva suprir alguma necessidade básica dos seres humanos. Some-se a isso os "late adopters" ( em oposição aos conhecidos "early adopters" ...  :-) ), ou seja, esse pessoal que adota uma tecnologia de dois anos atrás e fala disso como se fosse novidade. Como consequência da soma de tudo, ainda temos assunto sobre rede social na midia institucional até hoje.  Eu francamente já não aguento mais ouvir falar nelas, está ocupando espaço de qualquer outro assunto interessante. Mas  tenho que reconhecer o poder desse mercado, de empresas imensas lutando neste exato momento para aparecer nele, para dominá-lo, e para publicar jogos simplórios nestas redes. Chato...  Tenho que reconhecer também que é melhor viver num país que não restringe o uso dessas redes e existe liberdade de expressão, apesar do que se publica nelas seja quase 100%  lixo.

Abaixo uma visão uma visão pessoal, meio pessimista e irônica, de alguns tipos de redes sociais:

Facebook, Orkut, MySpace e afins: Serve para manter uma agenda de contatos das pessoas conhecidas, com alguns dos seus dados básicos, e ser avisado de aniversários. Eu já usei muito e por muito tempo há alguns anos atrás, apenas para constatar que em geral é perda de tempo. Tem utilidade, ainda que limitada. O "mural" é uma feature bem problemática, é até constrangedor de se ler ... A sucessão na predominância (seja pela qualidade ou modismo) destas redes é um problema. Um dia foi o Orkut que dominava, que está sendo eclipsado pelo Facebook, que um dia vai ser eclipsado pelo ... sei lá, Google+ ? :-) Aí você e seus contatos tem que sair migrando, ou manter diversas contas. E tem gente que ainda me manda convite para o "que pasa?". Fala sério! Minha situação atual: cancelei meu Orkut, mas acabei recriando porque me chamaram de volta, mas está vazio em sinal de protesto, e tenho conta no Facebook só pra constar. Mas confesso que estou curioso de ver como será o Google+ ... :-)

Comunidades das redes acima: Ninguém presta atenção ao que você escreve se tiver mais de duas linhas e/ou não for uma frase de efeito. Consequentemente,  as respostas aos posts não tem nada a ver com o que foi dito, ou porque a pessoa não prestou atenção no que você postou, ou porque tem sérias dificuldades de interpretação de texto. Ou porque está de sacanagem mesmo... Muita gente entra só pra tumultuar e aparecer. Probabilidade de discutir um assunto a sério é quase zero. Probabilidade de se informar é quase zero, por conta da superficialidade. Só tem alguma utilidade se o dono da comunidade focar em um assunto específico, e der uma de catador de lixo digital, cortando tudo que não tem nada a ver. Caso contrário é campo fértil para o que existe de pior na sociedade, protegido sob o anonimato e os perfis fake. Já teve colunistas de tradição prevendo que essas comunidades vão substituir todas as outras formas de comunicação escrita na web: os portais de notícias, jornais, colunistas, e até blogs  (coitado do meu blog, vai ser extinto... ), afinal, rede social é a expressão final da colaboração de massas para gerar conteúdo em tempo real, descentralização e poder de expressão para as pessoas comuns. Ora, o indivíduo típico não quer se cansar pensando, não se concentra nem para ler um post de mais de duas linhas, então como vai produzir conteúdo? Quer exemplo válido de colaboração gerando conteúdo? Wikipédia, e outros wikis por aí.

Linkedin: Uma rede bem mais prática, para quem sabe usar marketing pessoal e quer criar um networking profissional. É útil sim... mas eu não quero nada disso. Cancelei minha conta para não ter que me preocupar com ela.

Twitter: Inicialmente foi chamado de microblog, mas agora caiu na vala comum das redes, a semelhança com blog é muito pouca, mas por outro lado as pessoas vão se adicionando e postando atualizações, ao mesmo tempo que Orkut e Facebook agora também tem um campo para postar atualizações.  Um app de Twitter e Facebook para celulares são quase iguais. Na wikipédia o twitter também figura como exemplo de rede social. Mas claro que tem diferenças, inclusive por isso que estou analisando separado. Eu acho o twitter útil para promover algum serviço, site, ou mesmo se auto promover como personalidade pública. Na minha vida pessoal não agrega valor nenhum. Postar a sério no twitter, gerando conteúdo interessante, dá trabalho, é profissão. Acabei como seguidor de 4 ou 5 pessoas, apenas para me manter atualizado sobre algumas coisas, e quase sempre é temporário. Amigos e parentes que você ama não necessariamente dizem algo do seu interesse no twitter, e o seu timeline fica cheio de lixo. Mas tem um lado positivo. O que eu gosto no twitter é o conceito de "seguidor", alguém que unilateralmente decide seguir, ao contrário dos supostos amigos e conhecidos virtuais das outras redes que precisam ser aceitos e classificados. Você não precisa ser amigo ou sequer conhecer alguém que está produzindo algo útil para você, isso faz mais sentido. O twitter é mais realista. As tags são simples e inovadoras. O limite de 140 caracteres é arbitrário e irritante, e obriga a um exercício inútil e contínuo de compressão, desvantagem para a língua portuguesa, menos compacta que o inglês. Além do uso quase obrigatório dos encurtadores. Tentei usar para promover este blog ... Mas será que eu quero mesmo? Afinal, os colunistas entendidos dizem que blog vai acabar, só vai restar redes sociais ...

Curiosidade, ao pesquisar achei dois links para Social Network na Wikipédia, um é o que está aí no texto acima, com o sentido de serviço web, que é o que eu queria inicialmente, mas indo na desambiguação achei mais um. O outro é uma abordagem meio sociológico-matemática bem mais interessante:
http://en.wikipedia.org/wiki/Social_network