segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nokia venderá divisão de celulares de luxo

Complementando o post anterior sobre os problemas da Nokia, foi divulgado hoje que a empresa venderá sua divisão de aparelhos de luxo, a Vertu. Mais do que um sinal de problemas financeiros, fico pensando que sentido teve algum dia possuir tal marca! Ou seja, quanta gente existe no mundo com ao mesmo tempo muito dinheiro e pouca inteligência a ponto de aceitar comprar um celular folheado a ouro e cravejado de pedras preciosas, mas que não é smartphone e faz apenas o básico... E mesmo que fossem smartphones top, numa área em que as coisas ficam obsoletas tão rápido, vale a pena investir em uma "joia" dessas, que em menos de um ano já estará atrás em tecnologia? Me parece totalmente bizarro. O pior é que parece que alguém vai comprar a Vertu. Um alivio para a Nokia que se livra de mais um problema... e uma pequena decisão correta, enfim.

Fonte: Engadget

domingo, 29 de abril de 2012

Samsung supera a Nokia e a Apple em smartphones

A Samsung superou a Nokia em fatia de mercado de smartphones, segundo notícia do G1 Tecnologia, e passou a Apple também. E não fico surpreso. Na realidade uma das apostas mais fáceis que já fiz na área de TI foi quando, no início de 2011, a Nokia anunciou estar adotando a estratégia de focar exclusivamente no Windows Phone. Minha previsão foi que eles iriam começar a encolher lentamente. Duas coisas me pareciam obvias: primeiro, que a Nokia não ganhava quase nenhuma vantagem real assumindo unicamente a plataforma da Microsoft em smartphones, em detrimento das suas duas outras plataformas próprias (Symbiam e Meego) e da possível adoção em paralelo do Android. E segundo, que onde a Nokia tinha mais força naquele momento era em feature phones ou telefones baratos, mercado que deve ser substituído por smartphones. Somando as duas coisas, a não ser que o Windows Mobile desse uma super virada de vendas em 2012, a consequência seria a perda de competitividade. E isso sabemos que não aconteceu, e dificilmente acontecerá. Se o Windows crescer a ponto de competir de verdade com iOS e Android, vai ser lentamente, ao longo de uns 2 anos. Ou isto pode nem vir a acontecer, se bem que também é difícil ver a Microsoft desistindo de um mercado tão importante.


Sobre o primeiro ponto, me pareceu loucura no início de 2011 e continua me parecendo agora que uma empresa do porte da Nokia apostasse tudo num único sistema não estabelecido no mercado, e já então com dificuldades de se firmar. Será que foi arrogância achar que com o peso do nome Nokia eles poderiam mudar o rumo das coisas tão rapidamente? Depois se soube que no acordo houve transferência de dinheiro da Microsoft para a Nokia, mas para os volumes de faturamento que estamos falando, a quantia em questão é irrelevante. Ou seja, me parece que o acordo é muito mais benéfico para a Microsoft. Seria mais lógico a Nokia fazer o que outras fabricantes de celulares fazem hoje, fornecem para mais de um sistema operacional. Meu conselho (hipotético claro, já que não espero que ninguém da Nokia leia meu blog... pior pra eles... ) seria terem mantido o Meego, não terem falado nada definitivo sobre o Symbian e adotasse o Windows Phone ou o Android como alternativas, ou pelo menos não descartar nenhum destes dois prematuramente. Eles fizeram o oposto: declararam que o fim do Symbiam seria a transição para o Windows Phone, terceirizaram o desenvolvimento do Symbian, puxaram o tapete do Meego, e ainda esnobaram publicamente o Android. Desde quando é sensato apostar em uma alternativa apenas? Agora veja a Samsung: eles vendem Windows, Android e Bada (o sistema próprio deles), por enquanto... Compra cada um desses sistemas quem quer, não é melhor deixar o povo decidir?

Sobre o segundo ponto, é só matemática. Onde eles vendem mais é justamente no mercado que tende a encolher, o de dumbphones e features phones (os celulares tradicionais, que não tem uma plataforma de desenvolvimento, variedade de aplicativos nativos, etc, ou seja, os que não são smartphones, no caso da Nokia leia-se S40 ou menos). Mesmo que a fatia da Nokia neste bolo aumente, o bolo em si está diminuindo em volume e preço unitário. Mas o mais engraçado é que continuam a campanha de marketing para vender telefones de 2 chips baratos. Aí fica difícil de entender quando um executivo diz que não vai vender smartphone Android porque ao competir num mercado saturado como o do Android não poderia oferecer um produto diferenciado. Ora, produto diferenciado só faz sentido se for para cobrar mais! A margem de lucro em dumbphones e featurephones assim tão alta? (mesmo eles sendo cada vez mais baratos?) Que mágica seria essa? E o pior, os smartphones com Windows Phone também estão saindo abaixo do preço médio, em parte também porque não estão vindo com uma configuração realmente top (cores, memória, câmeras frontais, telas grandes e etc). Isto desmonta qualquer argumento de que o objetivo era vender um produto diferenciado. Já olhando para a Samsung, eles vendem Androids baratos e caros. Aparelhos de 600,00 a 2000,00.

Concluindo, a Samsung fez o óbvio e deu certo. A Nokia embarcou numa estratégia arrojada e até agora não vi retorno positivo. Para o próximo ano minha previsão continua a mesma, ou seja, a Nokia perdendo terreno, mesmo que o Windows Phone consiga eventualmente firmar um market share razoável. Mesmo porque o Market Share do Windows Phone não será exclusivo da Nokia...

Mas não vou ficar torcendo pelo sucesso ou fracasso de empresas, elas é que tem que torcer para eu gostar das coisas que elas inventam.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Homenageando São Jorge e o ZX Spectrum

O Google Doogle de hoje para o site britânico (google.co.uk) homenageia São Jorge e faz uma referência sutil (ou nem tão sutil para quem viveu naquela época) ao computador de 8 bits ZX Sprectrum:



Para quem não era nascido ou tinha horror à tecnologia, note as barras coloridas no canto superior direito da imagem, que são o símbolo do ZX Spectrum (ver foto abaixo).


A referência continua pelo uso das cores bem características e da resolução da imagem. E o que isso tem a ver com St. George? Bom, ele é o santo padroeiro da Inglaterra (e do Rio de Janeiro também, motivo pelo qual é feriado aqui no Rio hoje. Será que é feriado lá? :-) ), e o ZX Spetrum foi um marco de grande sucesso dos britânicos na área de informática. Este computador vendeu milhões por vários anos, e era popular no mundo todo, inclusive no Brasil, onde era difícil de chegar legalmente por causa da reserva de mercado, mas tinha "um clone" aqui, o TK 90X. Veja na foto abaixo que copiaram inclusive as faixas coloridas:



Mais do que o sucesso comercial, o que era importante nos micros ZX Spectrum e outros similares eram as características de verdadeira inclusão digital. Eles não eram práticos, não eram muito úteis no dia-a-dia, eram na realidade as vezes bem irritantes. Mas eles expunham facilmente o seu conteúdo, os bits e bytes, a programação. Mais do que uma janelinha de acrílico no gabinete, isso realmente permitia ver como tudo funcionava. Ao ligar a máquina já se caía em um prompt de linguagem de programação, convidando a programar. A linguagem era o Basic e seus terríveis GOTOs, não havia nem como identar código, mas ainda assim era programação no sentido estrito da palavra, e era só um começo. Depois que a pessoa sofre com isso aprende até a dar valor a uma estrutura  "while", a um bloco demarcado com { e }, ou begin - end, a poder identar código, poder criar funções e procedimentos  ... :-) na realidade, deixar o Basic de lado e aprender o assembly do Z80 era a grande diversão, e o ZX era simples o suficiente para um usuário autodidata programar em assembly, as informações estavam todas facilmente disponíveis.

Pessoalmente meu inicio com TI e programação foi com um clone do ZX, só que não exatamente o Spectrum, e sim o anterior, o ZX 81. Também não exatamente ele, mas um clone melhorado dele, o TK 85, que já vinha com 16 KB (sim é K mesmo!!! Para quem acha pouco, o ZX 81 original vinha com apenas 1 KB) de RAM. Também tinha um teclado de borracha parecido com o do ZX Spectrum, pois o 81 original era menor e tinha um teclado liso, sem teclas físicas (nunca usei, mas era pequeno e parecia horrível). Ver abaixo uma propaganda do TK85, a mesma que eu vi em uma revista e que contribuiu para querer comprá-lo (na realidade, pedir para meu pai...):



Não teria como descrever a nostalgia que sinto ao ver esta foto... Nunca usei pessoalmente um ZX Spetrum (ou TK90X) mas os artigos que saiam em revistas de TI (que eu comprava avidamente, pois não existia Web!) mostravam que era a mesma filosofia do TK85, uma máquina aberta, simples, divertida, e o melhor, extremamente educativa, mas sem parecer um produto didático chato! Quando disse acima que esta é a verdadeira inclusão digital, foi este o sentido. Uma criança que hoje compra um tablet aprende a ser um bom usuário final, mas nada sabe da engenharia por trás das imagens coloridas, dos videos e das páginas de rede social. Ter e usar tablets e samrtphones acaba sendo o lugar comum, o que quase 100% das pessoas saberá, sendo ligadas em tecnologia ou não. Mas até que ponto uma sociedade não precisa motivar as pessoas que vão criar o hardware e os programas? Elas terão que chegar aos 18 anos e prestes a entrar na faculdade para começar a saber do que se trata? E neste momento como vão ter condições de decidir?

O que eu posso dizer é que ganhei o TK aos 16 anos, e aos 18 já sabia o que queria fazer. Também poderia ter detestado, mas trata-se de dar uma opção para as pessoas, não de obrigá-las a algo. E se eu tivesse que agradecer à alguma empresa por ter contribuído para minha carreira, seria a Sinclair, a Microdigital e a HP (que fez uma calculadora programável, a HP 25, que estava quebrada, mas por um dos manuais dela eu li o que seria programação. Devia ter uns 10 a 12 anos, e tive que esperar mais uns 5 anos para botar as mãos numa máquina e ver meu próprio programa funcionando).

O sucesso mundial dos seus computadores, o ZX 81 e ZX Sprectrum, foi suficiente para Sir Clive Sinclair ganhar o título de Sir. Se ganhasse o título de Santo também seria muito justo, pois o que ele fez com alguns componentes eletrônicos para produzir estas máquinas, diante de todas as limitações da época, foi um verdadeiro milagre. E a influencia que elas tiveram por gerações é prova disso.

domingo, 22 de abril de 2012

N900: rodando o sistema Mer/Nemo

O Maemo 5 é um sistema excelente, ainda uso o N900 com ele e me surpreendo de como ainda hoje me parece atual. O que não tão é atual, é preciso que se diga, é a oferta de aplicativos. A comunidade Maemo continua produzindo, mas não são versões dos mesmos apps que se vê para Android e iOS nos sites de notícias (tipo Instagram, client oficial de Facebook e etc). Outra coisa de que sinto falta é de novidades no próprio sistema operacional,  novas versões, features, etc. Veja aqui como instalar a última versão do Mer/Nemo, o sucessor do Meego.



Depois que a Nokia lançou aquela triste versão final  do Meego (a 1.1) para N900, e logo em seguida abandonou oficialmente o Meego, achei que o ciclo de novos sistemas para o N900 tinha chegado ao fim. O último sistema utilizável é o Maemo 5 PR1.3, pois o Meego na versão final ainda estava muito ruim, nem forçando uma barra conseguiria utilizá-lo. Durante um tempo deixei o N900 quieto (ou seja, usando apenas como usuário, sem mexer no sistema) e passei a utilizar os celulares Android para a prática de testes de novos sistemas, principalmente ROM mods do próprio Android. Só que acabei dando uma parada nas mexidas no Android também, isto porque no meu aparelho atual, o Nexus S, o Google vem mantendo o sistema atualizado, e fica meio dificil justificar a instalação de mods.  O Android 4.0.4 chegou faz pouco tempo, e a  versão do Nexus S direto da Google na minha opinião é muito boa, não justificando um mod... ainda... então por enquanto quero deixar o Nexus S quieto, só como end-user. Com isso minha atenção de se volta para o N900 de novo. O que eu poderia instalar nele?

Acontece que, com o fim do Meego, o desenvolvimento deste sistema continuou em outras duas iniciativas, mesmo que ainda sem aplicação direta em novos aparelhos. Tem o Tizen, já mostrado aqui no blog, e o Mer. E para o N900, N950 e N9, a distribuição do Mer é chamada Nemo Mobile. Pelo que entendi até agora, o Mer seria uma coisa mais geral, e o Nemo a implementação específica para máquinas reais, no caso estes modelos da Nokia citados. Quanto à atualização, a última versão é de 12/04/2012, e já houve 5 versões este ano ( ver http://repository.maemo.org/meego/Nemo/). Note que os arquivos estão hospedados dentro do domínio do maemo.org. Ainda não entendi como ficou a parte política disso tudo, mas aparentemente o Mer é composto por voluntários vindos da comunidade Maemo, ao passo que o Tizen é patrocinado oficialmente pela "The Linux Foundation". Ainda assim, na página do Mer é citado que existe colaboração entre os dois grupos. E os aplicativos são os feitos em Qt para o Meego. Quer dizer, existe ainda uma forte integração entre Meego-Tizen-Mer, e também com a comunidade Maemo, cujo sistema também usa a ultima versão do Qt).

Rodando vários sistemas no N900

O N900 é um celular muito bom para experimentar outros sistemas. Ao contrário do Android, em que é preciso sobrescrever o firmware, no N900 é muito fácil manter o esquema de dual-boot. Existem duas formas de fazer isso, sendo a mais prática a por meio do U-Boot. (A outra é a utilizada pelo Nitdroid, que não gosto tanto, meu sonho era o Nitdroid usando U-Boot). O U-Boot é instalado pelo Maemo 5, e fornece um gerenciador de boot que permite rodar ou o próprio Maemo instalado na memória interna, ou um outro sistema instalado no SD-Card. Na inicialização do N900, se não houver um sistema instalado no SD-Card (ou se não tiver nenhum SD-Card no slot...), ele entra no Maemo. Se houver, por default ele entra no sistema do SD-Card, depois de um curto timeout de 3 segundos. Durante este tempo, pode-se também abrir o teclado, teclar qualquer coisa, e depois mandar o comando:

run noloboot

E desta forma também entrar no Maemo 5 original, instalado internamente. A beleza deste esquema é que o sistema original fica totalmente preservado, e pode ser acessado facilmente removendo o SD ou usando o comando acima. Além disso o processo de gravação das novas versões de sistemas e serem testadas podem ser feita fora do smartphone, no PC, sem risco nenhum nesta etapa. Pode-se também ter vários sistemas ou versões instalados em vários carões Micro-SD, bastando trocar o cartão para trocar o sistema.

A desvantagem é não poder utilizar ao mesmo tempo o slot micro-SD para guardar dados, mas neste caso vamos lembrar que o N900 já vem com 32 Gb internos, uma imensidão até para os dias de hoje, mais de 3 anos depois do lançamento do N900. 16 Gb ainda é o que vem na maioria dos aparelhos top... morram de inveja! :-)

Instalando o U-Boot

O único risco deste processo é na instalação do U-Boot. Pessoalmente já instalei e desinstalei duas vezes sem nenhum problema, nem ter que "flashear" de novo o firmware. A instalação em si é simples e rápida, pelo próprio gerenciador de aplicativos do Maemo 5 (esta na seção Sistema, e o repositório "extras-devel" deve estar ativado). É preciso apenas tomar cuidado de instalar sobre a versão PR1.3 original,e não ter nada que a modifique, como o Power Kernel. Li na lista de modificações do U-Boot que houve versão para corrigir esta incompatibilidade, mas eu não testei e não quis arriscar. Eu estava com o Power kernel esta semana, mas retirei antes de instalar o U-Boot (para retirar o Power kernel basta utilizar o ícone na janela de programas). Se você precisa muito do Power Kernel, o que não é meu caso, pode tentar, mas estando preparado para ter que fazer um flash do firmware completo e perder todas as configurações e instalações. E sem esquecer do backup dos dados, claro. Está implícito também que estes procedimentos são para quem tem um certo conhecimento sobre o Maemo e o N900, a ponto de fazer a recuperação se necessário sem traumas. O U-boot também pode ser desinstalado por uma linha de comando no terminal do N900:

apt-get install --reinstall kernel kernel-flasher


Já testei este comando sem problemas, mas caso não haja incompatibilidade com nenhum outro software instalado, eu sugiro deixá-lo lá mesmo não utilizando. Fora a mensagem na tela inicial e o timeout de 3 segundos, isso não afeta em nada o Maemo 5 original.  E se você teve vontade de usar outro sistema uma vez, talvez queira usar de novo.


Um tutorial  sobre como instalar e desisntalar o U-Boot pode ser visto aqui:
http://wiki.meego.com/ARM/N900/Install/Dual_Boot

Ele faz referência apenas ao Meego, mas como se verá, no caso do Nemo é a mesma coisa, a não ser é claro pelo arquivo de imagem do sistema a ser gravado no SD.

Uma vez que o u-boot esteja corretamente instalado, o resto do procedimento é bem tranquilo. Peguei o arquivo de imagem aqui:
http://repository.maemo.org/meego/Nemo/0.20120405.1.NEMO.2012-04-12.1/images/nemo-handset-armv7hl-n900/

O arquivo é o de extensão BZ2:

nemo-handset-armv7hl-n900-0.20120405.1.NEMO.2012-04-12.1-mmcblk0p.raw.bz2




Depois eu segui o procedimento feito para o Meego (como dito antes, é o mesmo, a não ser pela imagem):

http://wiki.meego.com/ARM/N900/Install/MMC#Installing_Rootfs_on_external_MMC_card


Sendo que na página acima é preciso filtrar apenas o que importa para cada situação. Para facilitar, segue o que eu fiz com o arquivo baixado acima, usando o Windows (Vista 64):

1- Extraí com o 7zip (que eu já tinha e uso sempre, e não o bzip2)
2- Renomeei o .raw para .img, tal como dito no tutorial
3- Coloquei um micro SD de 8 Gb, em um adaptador para USB no PC. Não precisa formatar nem preparar, mas o passo seguinte vai apagar todo o conteúdo anterior dele.
4- baixei e usei o Win32DiskImager, para gravar o arquivo .img anterior do passo 2 no SD 

Link para download do Win32DiskImager:
https://launchpad.net/win32-image-writer/+download

Depois basta colocar o micro SD no slot do N900, fechar a tampa e ligar. Deve aparecer a mensagem do U-boot, um contador de 3 segundos, e depois o boot do Nemo, ainda com algumas mensagens meio esquisitas que podem ser ignoradas se você chegar na tela inicial.



A performance do Nemo e o SD Card

Já achei o Nemo bem melhor que o Meego para N900 em termos de performance, que restei no mesmo SD Card. Digo isso porque o cartão micro SD utilizado tem muita influência nisso. Aqui dois fatores são importantes. A classe da memória e a compatibilidade com o N900. No primeiro caso, ao comprar um SD deve-se procurar os de classe maior, que indicam mais velocidade. Por exemplo, estou usando um classe 4, que é lento, e estou para comprar um classe 10. Mas isso também não garante mais velocidade e melhor performance, pois existem casos de incompatibilidade relatados que, devidos a erros e retransmissão, fazem a performance cair muito. E não adianta reclamar com os fabricantes neste caso, pois o procedimento de dual boot via SD não é proposto para usuários finais. São os riscos inerentes a este tipo de teste, por exemplo, comprar um SD e não ficar bom para instalar um sistema. Pelo menos um SD hoje em dia tem muitas utilidades, pode ser usado em outros aparelhos, como pendrive (no adaptador, etc). Meu plano agora é tentar gravar esta imagem em um SD melhor e ver se consigo algum ganho em velocidade.

O que já fiz no Nemo

Não tive ainda muito tempo com o Nemo. o que eu fiz foi navegar um pouco na interface, o que é dificultado pelo fato dela ser bem diferente, mas se um dos objetivos é ver novidades, isso não é realmente um problema. No entanto um pouco de documentação ajudaria. O que já testei:

1- Envio e recebimento de chamadas telefônicas - OK
2- Conexão com rede WiFi - OK
3- Navegação Web - Ok (funciona, mas muito lenta)
4- Instalação de um app do Meego pela loja, via WiFi - Ok
5- Câmera fotográfica - OK

Este é o nível de usabilidade que eu esperava do Meego quando a Nokia lançou a primeira versão para desenvolvedores. Agora pode-se dizer que dá pra usar, embora sem muito conforto.

O Nemo está no meu N900 agora, e vou alternando entre ele e o Maemo 5, tentando explora-lo e ver até onde pode chegar. De tempos em tempos é bom visitar a página do projeto Mer ou do prórprio Maemo.org em busca de atualizações e novidades.

Referências:
Página do projeto Mer/Nemo Mobile


sábado, 7 de abril de 2012

Review: Galaxy Tab 10.1 (GT-P7500)

Finalmente adquiri meu primeiro tablet, e depois de alguma pesquisa acabei comprando quase por acaso o Galaxy Tab 10.1 (modelo GT-P7500 com 3G). O Galaxy Tab nem estava entre os mais cotados na pesquisa, principalmente pelo preço nominal em geral maior que os outros, mas acabei achando uma loja vendendo por um bom preço e em 3 vezes no cartão de crédito sem plano de operadora. Não me arrependi, e neste post vou fazer um resumo do que estou achando do aparelho até agora. Acredito que foi uma boa opção para ter um aparelho de marca confiável, tela de 10.1" e ao mesmo tempo leve, e com conexão WiFi e 3G.






Impressão inicial

O aparelho passa uma boa impressão visual. É elegante e discreto, muito fino (ver foto a seguir, é mais fino que um lápis. A foto é minha: quis testar o que aparece na propaganda do site). No design externo parece não existir nada que não seja estritamente necessário, como vincos, protuberâncias, curvas, etc. Além disso ele é relativamente leve (565g). O que mais me seduz no GT-P7500  é justamente isso, um tablet de 10.1 mais leve e pequeno, muito confortável de segurar. Isso se encaixa plenamente no uso principal que tenho em mente, que é a leitura casual e navegação web, talvez algum vídeo mais curto, sentado no sofá da sala, num transporte, sala de espera, etc. O ato de segurar um objeto pesado para ler por alguns minutos acaba sendo incômodo, o que percebi imediatamente ao experimentar o Xoom (o primeiro). Por fora temos apenas dois botões físicos, o de ligar e o de volume. De interfaces, apenas a entrada de fones e do cabo de dados/carregamento. Duas câmeras uma traseira de 3.1 MP com flash LED e outra frontal, auto falantes estéreo laterais bem posicionados (na metade de cima, quando na posição landscape, que é a mais usada para videos) e microfone.



A Apple tinha razão?

Ao examinar mais atentamente o tablet não pude deixar de lembrar do processo Apple x Samsung na Alemanha, ocorrido ano passado. O Galaxy Tab é muito parecido com o iPad, para o bem e para o mal. Como já dito antes, ele é fino e leve como o aparelho da Apple, e tirando o botão frontal do iPad, visto de relance é quase idêntico. Mas infelizmente carrega algumas outras características do iPad que eu não acho tão desejáveis... Ele não tem portas USB no corpo do aparelho, a única interface é um conector proprietário, para um cabo proprietário, que termina em um conector USB para encaixar no carregador ou no PC. Igual ao iPad. Confesso que não tinha este detalhe em mente quando comprei, mas também não deixaria de comprar apenas por este motivo. Depois pesquisei e achei um adaptador USB (o fêmea) vendido separadamente por US$ 19,99, e que permite uso em host mode (ou seja, para alívio de alguns, pelo menos o sistema operacional está preparado).




A ausência das USBs pode ser até justificada pois traria um pequeno aumento de volume e peso, e neste ponto qualquer grama a mais pode fazer o aparelho passar do limite do conforto. Mais difícil seria justificar a falta do slot para micro SD, que não aumentaria quase nada o peso, mas de novo copiaram a Apple nisso: não tem. No meu caso não faço tanta questão do SD, inclusive já abri mão dele no smartphone também (o Nexus S), mas como o aparelho só tem 16 GB internos, não o acho indicado para quem quer carregar muita coisa ao mesmo tempo nele. Neste caso é melhor um dispositivo com 32 GB e/ou capacidade de expansão.

E novamente "copiando" a Apple, a bateria não é substituível pelo usuário. Isso não é um problema tão grave quanto parece, já que uma bateria destas dura mais de 2 anos sem problemas. O lado positivo disso é que a estrutura física necessária para acomodar uma bateria removível aumentaria o peso (perceba que baterias removíveis tem um invólucro de plástico rígido, encaixes mecânicos para ficar no lugar, conectores, etc, já a bateria interna não removível é uma espécie de saco plastico flexível colado na caixa e ligado por fios). Resta saber qual a dificuldade de trocá-la via manutenção, ou seja, abrindo o gabinete, já que no iPad se sabe que é muito alta (ou seja, alto preço de mão de obra). Quanto a isso não tenho muitas ilusões, tal como nos produtos da Apple, não encontrei um único parafuso de qualquer tipo no corpo do aparelho. Provavelmente não serei eu a tentar trocar a bateria, se é que alguém irá. Pelo custo de um serviço destes quando comparado a um novo aparelho, tenho dúvidas se ele vai durar mais que a sua própria bateria. Mas de novo, se este tempo for de 2 a 3 anos, está dentro do previsto. Quando este tablet já estará , espero eu, completamente obsoleto. Estranho já pensar nisso ao comprar algo novo? Procuro ser realista.

A versão do Android

O Galaxy Tab 10.1 vem de caixa com o Android 3.1, mas logo procurei atualizações nos menus de configuração e baixei a 3.2 (é preciso criar uma conta Samsung). Do ICS (o 4.0) no momento sinto falta apenas de poder instalar o Chrome para Android, que já tenho até no Smartphone (no Nexus S), e com isso sincronizar os favoritos. Ainda tenho esperança que a Samsung lance o 4.0 oficial, já que o modelo é relativamente recente (há 9 meses, considerando o mundo todo) mas já li que existe o CyanogemMod não-oficial. E a propósito,  tem como desbloquear o bootloader e instalar recovery custom, root, ROM custom, etc. Não pretendo fazer nada disso tão cedo, já que meu objetivo é o uso diário. Mas quando (e se) a falta do ICS vier realmente a pesar, talvez acabe acontecendo...

Como não conheço o Honeycomb puro da Google não sei com certeza absoluta o que é ou não customização da Samsumg, mas não achei nada inconveniente na interface, que eu quisesse retirar. Existe no entanto um botão para screenshot da tela que fica muito evidente, tirei varias fotos da tela por engano até me acostumar com o ícone, que parece ser o de opções.

Quanto à compatibilidade dos apps que já usava no celular, uns 90% dos apps da minha conta rodaram sem problemas, alguns disseram não serem compatíveis com tablet, e um deles apresentou um modo de compatibilidade, ou seja, se expandiu para tomar a tela toda, mas ficou feio, aparecendo todos os pixels dos gráficos. Não faltam programas, mas nem todos utilizam bem a área de trabalho extra proporcionada pela tela maior. Alguns rodam mas os elementos ficam espaçados demais, sendo evidente que foi uma adaptação apressada. Pelo menos rodam e fazem a mesma coisa. Já outros parece que tem uma versão específica para tablet, e fica muito melhor.

Ainda sobre o Android 3.x, este foi um dos motivos pelos quais eu acabei descartando os tablets "xing-ling", que geralmente vem com o 2.x. Ao usar um pouco dá pra sentir que o sistema tem que se adaptar ao estilo de uso e dimensões de um tablet, ou seja, não recomento comprar um tablet com Android de versão menor que o 3, que não foram preparados tendo isto em mente. Fiquei aliviado por ter decidido assim, agora eu poderia estar bem arrependido quanto a isso!

Conectividade

Existe um software de conexão com o PC da Samsung, mas conectei o cabo na USB do PC (com Windows 8 CP) sem este software ou qualquer driver pré-instalado, e ele reconheceu o dispositivo e perguntou se queria acessar como dispositivo de midia ou de mass storage. Escolhendo esta última opção tudo se passa como um pendrive normal. A cópia de arquivos grandes foi bem rápida em modo USB 2.0.

O foco deste tablet no entanto é a Internet. Com 3G (850/900/1900/2100 MHz, compatível com todas as operadoras nacionais) e WiFi 802.11a/b/g/n, dificilmente se ficará offline, além do Bluetooth para os acessórios e dispositivos pessoais. A conexão HDMI requer um cabe opcional, que no meu caso nem vale a pena.

O uso

Mesmo com o uso contínuo e processamento pesado (videos, alguns PDFs com muitas figuras) o aparelho esquenta muito pouco, e apenas em uma região mais abaixo dos botões de ligar e volume. Esta era outra coisa que me preocupava no quesito conforto, tal como o peso, e só daria para saber usando por um bom tempo. Mas felizmente o Galaxy Tab se saiu bem nisso. Pensando bem, o que justifica um tablet é o conforto, senão eu poderia usar o netbook no colo e fazer quase tudo que se faz com um tablet. Então enfatizar este ponto nunca é demais.

O navegador nativo aceita flash e ao contrário do que li em alguns artigos pela Web, funciona perfeitamente, tão bem como no PC, inclusive os vídeos flv incluídos em páginas. Testei o navegador padrão, o Dolphin HD e o Firefox. Este último foi o mais estranho, o flash não estava instalado, mas também não me esforcei nem um pouco para colocar, mas o pior é como a interface é diferente em relação à versão de smartphone, que eu também uso.

Testei  leitores de livros digitais, ele vem com alguns, inclusive um com assinatura trial para baixar jornais. Mas instalei e usei mais especificamente o Aldiko, pela facilidade de baixar títulos gratuitos (em inglês). Tentei usar o da Saraiva, e estava até disposto a comprar alguma coisa, mas nem o aplicativo nem o processo de compra me pareceram muito confiáveis. Também não entendi a limitação de baixar em 6 dispositivos! Mas enfim, isso já é outro assunto. O app do Kindle instalei mas não tive tempo de criar conta e usar. A leitura de PDFs depende muito do arquivo. Se ele for "pesado" (muitos gráficos), fica lento e até insuportável, mas fica lento em PCs também. Acho que livro eletrônico de verdade requer um formato próprio (como o ePub por exemplo). Além disso, depois de ler alguns jornais em meio digital, não vi nenhuma vantagem sobre os jornais ou sites de notícias em puro HTML que já estou acostumado a ler (se o conteúdo for o mesmo). Na realidade, é até bem pior! Ou seja, para jornais prefiro ler em um site web, se vai ser pago ou não é outro problema, e as versões digitais de jornais se mantém por puro saudosismo.

Testei alguns jogos 3D (por exemplo, o GT Free+ HD, um jogo de corrida 3D da Gameloft, o Star Legends, um MMO 3D) e a exibição de vídeos. O Angry Birds fica perfeito, uma vez que na tela do tablet dá pra ver a trajetória toda. Nos jogos o processador dual core Tegra 2 não permitiu lags, e percebi que a sensibilidade da tela é muito boa. Videos normais AVI e MP4, youtube e demais streaming embeded em páginas web rodaram sem problemas, bem rápido, e reconhecendo as legendas. A grande decepção veio ao tentar tocar videos de resolução maior (extensão mkv, de 720p). O player padrão pré-instalado sequer os reconhece, mas baixei outros dois players , os codecs e ficou bem lento, com lag.  Não sei ainda se haveria como otimizar isso, mas esperava mais deste processador. E o pior é que ele está no nível dos demais concorrentes, ou seja, se ele não faz, qual tablet faria?

A bateria está durando bem, aguentando aproximadamente um dia, tenho usado no feriado/final de semana o dia quase todo. E isto tendo em vista que as primeiras cargas não são tão eficientes (em dois dias estou na terceira).

Acessórios

Para transportar e usar fora de casa fica evidente a necessidade de alguma capa. O adaptador USB citado antes pode ter também alguma utilidade para plugar um pendrive, mas não sei se o custo justifica, até porque a minha tendência é ir reduzindo o uso do pendrive e cabos. Por exemplo, as duas fotos no início deste artigo foram tiradas no Nexus S, compartilhadas quase imediatamente no Picasa (no Android isso é quase automático) e depois anexadas aqui. Sem pendrive, cabo, nada. Mas é certo que pode ainda acontecer do arquivo estar em pendrive, neste caso sem o adaptador se precisa passar por um PC antes.  Outro dispositivo que gostaria de experimentar é o teclado da Samsung específico para este modelo (foto abaixo), até para ver a real utilidade deles em um tablet. Caso alguém tenha pensado nisso, não, eu não digitei este texto nele. O touchscreen é muito melhor que no smartphone (claro, teclas maiores), mas ainda inferior a um teclado físico de tamanho normal.




Especificações resumidas

Tela capacitiva de 10.1" (1200x800), processador dual Core Tegra 2 (isso não consta nos manuais nem no site, foi até difícil de achar, veja o link da wikipedia abaixo), 1 GB RAM, 16 GB de memória flash, sem portas USB e nem slot de expansão para  SD. Android 3.1, com upgrade para 3.2 já disponível, câmera frontal e traseira, Bluetooth, WiFi (a/b/g/n), 3G (850/900/1900/2100, todas as operadoras nacionais), GPS, sensor de luminosidade.

Prós
- O preço relativamente mais baixo para um dispositivo com tela de 10", de marca e com conexão 3G
- Leve
- Design super fino
- Boa duração da bateria

Contras
- Sem interfaces USB
- Conector de dados/carregamento proprietário
- Sem slot para micro SD
- HDMI requer um cabo opcional
- Android 3.2 (por enquanto)

Links externos:
Wikipedia: Samsung Galaxy Tab 10.1
Samsung USB Adapter
Samsung Galaxy Tab 10.1 Keyboard Dock