sexta-feira, 12 de julho de 2013

A lição que fica dos episódios de quebra de sigilo dos serviços online

Muitos desmerecem as colocações de Richard Stallman sobre as implicações da tecnologia proprietária sobre a liberdade, privacidade e etc. como sendo paranóia e radicalismo. Minha posição sempre foi intermediária, embora não ache necessário  na prática seguir a risca tudo o que ele diz, acho que vale a pena prestar atenção. Com o caso das quebras de sigilo de clientes pelos maiores prestadores de serviços online  e em nuvem (ver artigos no Washington Post e no The Gardian), muitas já confirmadas pelas próprias empresas, podemos ver que existe um fundo de verdade em tudo o que ele vem falando faz tempo.



Mas será que para ficar seguro é preciso fechar todas as contas no Facebook, Google, Microsoft, Apple, Amazon, se isolar de tudo? O que se perde com isso? A melhor estratégia no momento talvez seja de cautela e uso criterioso, guiado pelo bom senso e conscientização dos riscos. Ou seja, o que se coloca ali é quase público, mesmo que não esteja classificado como tal pelo usuário e garantido pela empresa. Os riscos são grandes e devem ser considerados, mas é possível usufruir das facilidades oferecidas sem maiores problemas. Um exemplo, estou digitalizando minha coleção de CDs e colocando no Skydrive. Os arquivos são legalizados, e não contém informação sensível. Se algum governo pedir a listagem do conteúdo do meu Skydrive e achar estes arquivos, nenhum problema. E a grande vantagem é que não preciso ficar fazendo backup (já é a terceira ou quarta vez que estou digitalizando os mesmos CDs, pois perdi as anteriores por erros de backup), e posso acessá-los de qualquer dispositivo, em qualquer lugar que tenha Internet). E como estes, vários arquivos também não são críticos, e podem ser colocados em nuvem sem trauma. Já as redes sociais, já se repete na mídia faz tempo o que se deve evitar, isso não é novidade.

Uma outra coisa que Stallman diz é que o uso dos arquivos em nuvem pode com o tempo acabar com a opção do armazenamento local. Ou seja, o seu CD/DVD gravado, o seu pendrive, o seu HD local.  Hoje ainda parece absurdo conceber a vida sem tudo isso, mas ela já é possível. Ou seja, quem quiser e tiver uma quantidade de dados dentro de um certo limite pode colocar absolutamente tudo online. E quanto mais gente fizer isso, menos mercado existirá para os dispositivos de armazenamento offline. Na realidade já existe esta tendência de aumento do armazenamento em nuvem versus armazenamento local. O que não prova que no limite este último vai tender a zero. Mas é realmente uma possibilidade séria. Eu particularmente não abriria mão do armazenamento local offline, pelo motivo descrito anteriormente. Se tudo for online, não teremos como separar os dados críticos que não se quer arriscar que seja obtido por governos, hackers, concorrentes, etc.

E para ser offline de verdade, os dados mais críticos podem ficar em máquinas totalmente desconectadas da Internet. Isso requer sistemas operacionais que não precisem de nenhuma conexão. Atualmente o Windows (pelo menos até o Vista dava para ativar pelo telefone, o 7 e o 8 nunca tentei, fiz pela rede) e o Linux cumprem este requisito. Mas algum dia quem sabe esta possibilidade seja removida. É bom ficar atento e pressionar as empresas caso se perceba isso. Uma esperança de que o povo pode influenciar foi o caso do XBox One, que foi anunciado que precisaria de conexão permanente, mas diante da péssima repercussão nos clientes potenciais, a Microsoft voltou atrás.

Concluindo, as lições que eu tiro deste episódio são que: 1) Dá pra usar com relativa segurança as redes sociais e os serviços online e em nuvem, dede que tomando as devidas precauções;  2) Para os dados críticos (financeiros, pessoais, sigilo industrial, conteúdo sujeito a direitos autorais ainda não registrados, etc), é melhor usar o bom e velho armazenamento local, e no caso limite, totalmente offline da Internet.

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