A noticia do título pode soar estranha para quem acompanha tecnologia: Samsung licenciando o HERE MAPS (ver noticia no Ars Technica). O App do HERE para Android é exclusivo para Samsung . Ver o anúncio oficial aqui. Analisando mais a fundo, é apenas mais um movimento previsível da Samsung, coerente com um padrão que já vem de anos. Mas primeiro, vamos esclarecer alguns pontos que talvez não sejam tão evidentes.
Primeiro, que a Nokia em questão não é a parte que a Microsoft comprou. A MS comprou apenas a parte de dispositivos e serviços da Nokia, juntamente com o direito de usar a marca por algum tempo. A Nokia ainda existe fora da Microsoft, e o HERE Maps é dela. Inclusive a Microsoft paga para incluir o serviço nos seus aparelhos, assim como a Samsung vai fazer. Segundo, se a Samsung tem tanto sucesso com Android, porque estaria deixando de lado o Google Maps e apelando para um concorrente? Neste caso é menos evidente, mas a Samsung está faz tempo tentando diferenciar seus produtos e se tornar mais auto-suficiente da Google, tentando se aproveitar do fato de ser o maior fabricante de hardware (em termos de fatia de mercado) a adotar o sistema. Começa pela customização de interface gráfica do Android nos produtos Samsung, depois pela existência de uma loja paralela de apps Android, e no lado mais radical, pelo investimento em outro sistema operacional, o Tizen.
Neste artigo da Ars linkado no inicio, podemos ver que a Samsung está se armando de serviços substitutos para todos os da Google. No texto ele fala que a próxima peça necessária seria a loja, mas na realidade como disse antes, a Samsung já tem, ou tinha: veio no meu primeiro tablet (Galaxy Tab 10.1, comprado a uns 2 anos), uma lojinha com poucos apps, e meio dificil de usar, meio quebrada, desisti de usar em poucos dias. E acredito que não foi lá um sucesso tão grande, pois nunca mais ouvi falar dela. Assim como o Tizen, que também está patinando faz décadas sem um produto de sucesso. E tudo isso custa muito dinheiro para manter. Mais dinheiro ainda para licenciar o Here Maps, e desenvolver os demais serviços alternativos. Enquanto eles estiverem vendendo mais que todos, isso passa, mas se houver problemas e perderem receita, tudo pode desmoronar rápido.
A Google, por outro lado, vem tomando contra medidas para evitar o "fogo amigo", estabelecendo maior controle sobre o Android. Mas nada impede quem quiser de pegar o projeto AOSP e criar um novo sistema sem os serviços Google, sem pagar nada para a Google, sem dar satisfação, e concorrente do próprio Android. Como era o Nokia X, por exemplo, ou dos diversos fabricantes da China. É uma consequência de ser open source, e que por isso sempre irá acompanhar o sistema, complicando as coisas para quem queria escolhas simples. O mundo Apple é simples, homogêneo e completamente controlado. O Android é o oposto disso. Podemos pensar que é um preço justo a pagar por ter um sistema aberto de qualidade.
Por outro lado, estas divergências e ameaças dos "parceiros" no ecossistema Android nos lembra que quando tudo parece estar estabelecido, um mercado dividido entre dois concorrentes, polarizado entre iPhone e Android, pode estar na realidade prestes a mudar totalmente. A Samsung pode a qualquer momento chutar o balde e se achar com poder para oferecer um terceiro sistema: ou um Android fora da Google Play e usando todos os seus serviços alternativos, ou o próprio Tizen, usando os mesmos serviços. E o tempo não para, e ainda estão rolando os dados...
domingo, 31 de agosto de 2014
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