quinta-feira, 30 de julho de 2015

Windows 10, o lançamento e o futuro depois disso

Lançamento do Windows 10, possível momento de euforia pela novidade que desta vez não aconteceu. Porque? E o que esperar daqui para frente para o Windows, para o PC, e na suposta era pós-PC? Neste artigo algumas considerações sobre estes assuntos.



O lançamento do Windows 10 ocorreu na data e conforme agendado, e ainda estou a espera dos meus updates. Isso era previsto, a mensagem de email anterior ao lançamento dizia que seria liberado em etapas, e etc. Mas "sensações" são coisas subjetivas e difíceis de prever antes do fato gerador ocorrido. E também só depois podemos tentar analisá-las e explicá-las. Eu no momento creio que parte de minha decepção se deve ao título "lançamento" que foi dado ao evento, palavra associada na minha mente à data em que algo fica imediatamente disponível.  O jeito é esperar.

[Atualização: em um email da Microsoft sobre o lançamento, lendo com mais calma, achei um link de download para baixar a atualização. Estou mais propenso a esperar e fazer o caminho mais fácil.]

[Update 02/08/2014: Não resisti e instalei no notebook. As vezes esqueço porque tenho um blog de TI!]

Como fui Windows Insider, usei várias builds, inclusive a última, participei das atividades de testes e até mandei reports de erros e sugestões, então não estou tão curioso sobre como é o novo Windows 10, eu já sei. Novamente, seria mais pela "sensação" de já estar com a versão mais nova definitivamente instalada, e estar deixando o 8.1 pra trás (não que eu desgoste do 8.1). Um detalhe é que infelizmente desinstalei o preview, que dizem seria ativado normalmente. Era uma máquina temporária, de testes. Mas para mim não é necessário, tenho duas cópias oficiais do Windows 8.1, uma no notebook e outra no desktop principal. Que por sua vez foram compradas como Windows 7 e atualizadas quando a Microsoft fez a promoção de upgrade por 30 e poucos reais (acho que era isso, uma valor de upgrade que na época eu achei super baixo, mas agora comparando com zero, parece caro ...). De novo, uma "sensação" de custo alto. Sensações também são muito relativas. Ambas as máquinas já foram devidamente reservadas para o update e testadas positivamente para compatibilidade.

Acompanhando a repercussão na imprensa, vejo que está sendo boa, mas não eufórica. Creio que não tem muito como ser diferente, é só um sistema operacional. Isto do ponto de vista do usuário comum, típico, Está na moda dizer que a MS acerta um sistema sim, outro não, alternadamente. Então o XP e 7 foram bons, o Vista e o 8 ruins. Mas como pulou o 9... Não, acho que o que acontece é que o usuário está cada vez mais resistindo a mudanças arbitrárias para continuar fazendo a mesma coisa. Mesmo algumas mudanças boas, mas que não sejam tão boas para justificar, como eu acho que foi a interface de usuário do 8/8.1. O Windows 8 foi muito mais revolucionário, introduziu a loja e os aplicativos "modernos". Lançou as bases para a unificação de interface entre smartphones, tablets e PCs. Nisso inclusive a Microsoft está bem a frente da Google e Apple. É muita coisa boa para dizer que o 8 é um sistema falho, alternado entre dois bons. Para não deixar dúvidas, sim, na minha opinião o Windows 8/8.1 foi um bom sistema, melhor que o 7.

Mas e agora que a versão oficial é que este será "a última versão", o "último Windows", mudamos para software como serviço e etc? Bom, quem desenvolve software sabe que internamente, na equipe de desenvolvimento, não tem como fugir a números de versão, mesmo que se chame por outro nome. É uma questão de controle e organização. Minha dúvida é o quanto isso vai transparecer para os usuários finais. Outra coisa inevitável é que o software continuará a sofrer mudanças, correções, melhorias, novas funcionalidades. Será que os desenvolvedores resistirão à tentação de chamar um novo pacote de melhorias e funcionalidades de "versão"? De aumentar o numerozinho principal  para 11?  Ou daqui a alguns anos teremos simplesmente a 10.1675.78987? Eu apostaria que o 11 (ou talvez quem sabe pulem o 11 e soltem o 12) vem por aí, em algum momento, talvez com um codinome carismático. Ou não, tanto faz, porque a verdadeira mudança é darem suporte contínuo de atualização a quem adquiriu a versão 10 em algum PC. A meta é de unificação da base em um único Windows, sempre atualizado.

Mas tecnicamente até que ponto se poderá garantir isso, ou seja, manter uma única versão unificada? Por mais que eu esteja satisfeito de ter rodado o Windows 10 com sucesso em PCs antigos, com 2 GB de RAM, é de se esperar que em algum ponto o software vai evoluir de modo a requerer mais, para disponibilizar novas funções. E aí teremos "versões diferentes da mesma versão". Isso já vai acontecer agora, no lançamento do Windows 10 para os Lumias. Por exemplo, o Lumia 520 deve receber o 10, mas sem algumas features, afinal ele só tem 512Mb RAM e processador mais fraco que um Lumia 930. Entre o 520 e o 930 existe uma escala de produtos podendo ou não receber determinadas features. Se nivelassem por baixo para ter o sistema igual para todos não aproveitariam o hardware mais novo. A consequência final é mais esforço de desenvolvimento para separar e testar todas as versões. Nisso a Apple está confortavelmente apoiada em uma política clara de só desenvolver para seus próprios hardwares, ter uma linha de produtos bem limitada de modelos, e dar suporte a um número limitado de gerações em cada modelo desta linha. Muito mais fácil do que lidar com centenas de milhares (considerando as combinações) de produtos de fornecedores de hardware diversos.

A linha de smartphones de tablets da própria Microsoft não é o pior problema. Já existem indícios que haverá uma simplificação. A linha atual de produtos foi em grande parte herdada da Nokia, que sempre fez modelos muito diversificados. Quanto mais modelos diferentes, maior o custo interno de desenvolvimento dos projetos de hardware e do sistema operacional, desenvolver drivers específicos e testar tudo. Na liberação do Windows Mobile para outros fabricantes de hardware, esses é que terão a responsabilidade de desenvolver drivers, testar, e fazer os updates de tudo isso. E se o trabalho destas montadoras não for bom, a experiência de uso do Windows é que fica comprometida, o usuário não sabe claramente se a culpa é da HTC, da LG, etc. De novo nisso a Apple está em vantagem, pois tem controle total sobre o resultado final, já que projeta hardware e software (a ainda assim as vezes dá problema). Mas e os milhões de PCs espalhados pelo mundo, dos mais diversos fabricantes, como garantir uma boa experiência de uso? Como ter versões de sistema testadas em cada um deles? São feitos testes, mas é impossível serem completos.

Dito assim, uma das coisas que eu acho mais bacanas no PC, que é a independência entre o hardware e o sistema operacional, fica parecendo um grande estorvo. Pensando industrialmente, é mais simples e barato desenvolver produtos monolíticos como a Apple, que por sua vez vende mais caro, com uma margem de lucro ainda maior. E não é a toa que estão com tanto dinheiro em caixa que não sabem o que fazer com ele.  Mas no PC eu posso montar uma máquina, escolhendo placa mãe, processador, memória, video, e ainda escolher colocar Windows 7, 8 10, ou alguma distribuição Linux, entre outros (FreeBSD, minix, e por aí vai). Ruim para a margem de lucro das fabricantes, bom para o usuário. Ressalva: para os usuários dispostos a terem este trabalho. Minha dúvida hoje é até quando este modelo vai durar. As décadas de monopólio de fato do MS-Windows sobre os sistemas de PC preservaram este benefício, e permitiu  o desenvolvimento do Linux, que nunca chegou a ameaçar aquele monopólio, mas do qual derivaram diversas coisas interessantes. Mas e na era pós-PC, como seria? Ou como será? Estou torcendo para que não seja. Por enquanto para mim continua sendo o Windows 10 no tradicional PC desktop montado, e quando muito notebook que usa arquitetura similar.

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