quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Novos lançamentos de hardware da Microsoft, Lumias 950, 950 XL e Surface Book

Nesta semana ocorreu o lançamento oficial da nova linha de produtos de hardware da Microsoft, os novos Lumias 950 e 950 XL, o novo Surface 4, a nova Microsoft Band, sendo que todos estes já eram bem esperados, e algo que me pegou de surpresa, um notebook, o Surface Book. 

(Surface e Surface Book. Imagem da Microsoft)


Os novos Lumias 950/ 950 XL vinham protagonizando sucessivos vazamentos de especificações e imagens na midia especializada por semanas, então há pouca novidade sobre eles. Há quem diga que estragou a surpresa, mas eu desconfio que só ajudou a aumentar o hype. Para quem conseguiu ficar alheio a tudo isso, saibam que esses dois aparelhos devem ser os novos flagships na área de smartphones da Microsoft. Era uma demanda do mercado. Não foram poucos artigos de analistas que li reclamando da falta de lançamentos da Microsoft neste segmento top de linha, e de como isto prejudicava a imagem da linha Lumia. Os entusiastas da plataforma, os heavy users e os formadores de opinião precisam de flagships, dispositivos que demonstram ao máximo o que ela é capaz de fazer. Então, atendendo aos pedidos, estão aí. Eu concordo com estas análises, embora ache que os Lumias tem um desafio muito maior que a falta de aparelhos top, basicamente na área de ecossistema, e mais especificamente ainda, na atração a desenvolvedores de software, e consequentemente, ofertas de qualidade na loja de apps. Em resumo, dois smartphones que já vem com Windows 10, com conector micro USB C (reversível) e especificações superiores em todos os quesitos, brigando com os tops de outras marcas. O design externo acabou sendo controverso, embora eu particularmente tenha achado ok. Inclusive gostei dos botões de navegação virtuais, substituindo os botões capacitivos que eram tradicionais da linha mais top dos Lumias, que acho uma evolução. E também aplaudi a bateria removível. Realmente os 950 e 950 XL não tem muito apelo visual, por outro lado achei bem discretos, e sim, tem partes externas de policarbonato, mas pessoalmente não vejo a grande vantagem (técnica ou estética) de estruturas externas de vidro e metal.  Talvez por ser um celular top a expectativa era de algo parecido com iPhones, Galaxies S6 e etc. É bom lembrar que carcaças de metal não impedem aparelhos de se dobrarem.

A grande feature no entanto é que estes dois aparelhos são os primeiros smartphones a suportarem o Continuum, a possibilidade de, quando ligados a um monitor, mouse e teclado, passarem a funcionar como um PC desktop com Windows. Claro que, como são processadores ARM, apenas são compatíveis com os aplicativos universais. Mas ainda assim, com a experiência completa de um PC, com mouse e teclado. A ideia é ótima, e seria interessante vivenciar isso na prática, infelizmente não vi até agora confirmação do lançamento do 950 e seu irmão maior no Brasil, e muito menos datas ou o quanto custariam por aqui. Um último detalhe que não deve ser deixado esquecido é que a Microsoft criou também um dispositivo do tipo doc-station, com entradas USB e HDMI, para interligar os aparelhos ao conjunto teclado-mouse-monitor.


Agora, se lançarem algum dia um smartphone com processador x86, o mítico "Surface Phone", aí  fronteiras entre todos os dispositivos começam a finalmente a desaparecer. Tenho um tablet de 8" com Windows 10 e processador x86, é um tablet baratinho, mas a não ser pelas limitações de pouca RAM (só 1 GB), processador Atom e armazenamento, para todos os efeitos é um PC. Dá pra plugar teclado e mouse, e alguns aplicativos mais pesados podem até ficar mais lentos, mas rodam. Por exemplo, roda Office perfeitamente, já o Eclipse, roda mas fica lento, e de fato não é um PC para desenvolvimento, seria mais um PC administrativo. Na prática imagino que este smartphone 950 desses tenha boa capacidade (como PC) para tarefas de produtividade (processamento de texto, planilhas, navegação Web, email, agenda) e eventualmente se torne viável substituindo muitos PCs que estão por aí. Ele tem 3 vezes mais RAM que meu tablet, para começar a comparação.

Os dois outros lançamentos foram o Surface 4, que basicamente é mais do mesmo, continua altamente desejável só que indisponível no Brasil, e o inusitado lançamento de um notebook top de linha, o Surface Book, este sim com visual premium (leia-se, muito alumínio(*)), tela destacável (de 13,5") para usar como tablet, e especificações high end de processador, RAM e armazenamento. É um marco histórico, jamais esperei ver a Microsoft entrando neste mercado. Mas e o Surface 3, já não era  justamente o tablet que substitui um PC? Sim, mas fisicamente não. Por melhor que seja aquela capa-teclado (realmente nunca usei, mas dizem que é boa), ela jamais será um teclado completo de dimensões normais. Além disso, tem a questão da estrutura de suporte de tela, que já mencionei antes aqui no blog. Um tablet apoiado numa mesa, por mais engenhoso que seja o suporte traseiro, e com um mini teclado flat fracamente ligado por imãs, não é o mesmo que uma tela fixada no corpo de um notebook, que se pode carregar, ou colocar no colo, que se porta como uma peça unica. E muito menos um monitor de desktop, ergonomicamente posicionado na altura correta, para trabalho por tempo mais longo.  

Resumindo, estes lançamentos em conjunto, dos smartphones, tablets e notebook, apresentam a visão da Microsoft de como suas soluções se materializam em dispositivos na ponta do usuário final. Minha dúvida é até que ponto a empresa vai investir em tornar estes produtos como sucessos de venda, ou serão apenas propagandas do que outras empresas poderiam fazer de forma mais barata e acessível, usando Windows. Clarificando este ponto, a Google vende a linha Nexus de smartphones desde o início do Android, mas visivelmente jamais almejou aumento do market share deles. Os Nexus são marketing, direcionado para um público de nicho, entusiastas, desenvolvedores, fans. A Google foi dona de uma fabricante de smartphones (a Motorola) e a vendeu um ano depois para a Lenovo. Conclusão, à Google não interessa competir no mercado de hardware, apenas ter uma linha de referência para mostrar. Agora voltando à Microsoft, a alguns anos atrás o hardware Microsoft era quase sinônimo de teclados e mouses, alguns outros periféricos de jogos, e só. Isso até o lançamento do X-Box, que foi o primeiro equipamento computacional vendido com a própria marca (pelo menos que eu saiba, e se existiu outro antes, não deve ter sido tão divulgado... enfim, foi o primeiro equipamento MS para as massas). A Microsoft cresceu e sempre viveu de vender software, tendo grande sucesso nisso, era uma posição confortável. Por outro lado, eles tiveram que comprar a Nokia por necessidade, com prejuízo contábil assumido, pois do contrário não haveria praticamente ninguém que continuasse a fornecer Windows Phone, equivaleria a desistir totalmente do mundo mobile. Ok, saiu do foco do software, tomou prejuizo, mas foi uma jogada estratégica. Agora eles tem uma linha muito interessante e quase completa de dispositivos, smartphones, tablets, vestíveis (não esquecendo a a Microsoft  Band) e finalmente um notebook, se aproximando cada vez mais das ofertas de outros fabricantes tradicionais,  de hardware, e isso junto com uma rede cada vez mais importante de lojas físicas, Microsoft Stores. Parecem perseguir de certa forma o modelo de negócios da Apple. Será? A pergunta que fica é: será que a marca Microsoft (e as submarcas Surface, Lumia e X_Box)  de dispositivos para o consumidor final veio para ficar? Ou é só uma contingência para segurar mercado em uma época de competição desfavorável com Google e Apple?

Como consumidor, eu espero sinceramente que ela fique e se estabeleça no hardware. É mais competição, é uma alternativa entre fabricantes com margem de lucro absurda e outros vendendo produtos baratos mas sem padronização, consistência de interface de usuário e atualizações. Nem preciso citar nomes, não é?

(*) Update em 8/10/2015: Sengundo artigo no Engadget, é magnésio, mais leve. 

Nenhum comentário :

Postar um comentário