sábado, 27 de agosto de 2016

[Review] Gabinete Thermaltake V3 Black Edition


O gabinete Thermaltake V3 Black Edition já está há um bom tempo no mercado, mas ainda pode ser encontrado a venda, mesmo novo em lojas, além do mercado de usados. Será que ele ainda vale a pena? O preço dele geralmente é baixo, e a resposta vai depender de o uso se adequar a algumas de suas características. Tenho uma unidade dele aqui já faz alguns anos, já estava na realidade encostada. Acontece que, depois de uma nova compra, resolvi reavaliar os gabinetes em estoque, quais manter, quais me desfazer, e acabei montando um PC com o V3, aproveitando para analisá-lo. Um review depois de bastante uso não é o tipo de mais usual na Web, geralmente se pega um produto novo para analisar. Mas por isso mesmo pode ser interessante, tive tempo de ver na prática os problemas e as qualidades. Este V3 passou por muita coisa, muitas placas mãe. Confira.

(foto de divulgação da Thermaltake)

A premissa de projeto do V3 Black parece ter sido fazer o menor gabinete possível que ainda pudesse ser usada como uma máquina gamer. Essa conclusão se baseia na observação de algumas economias de volume externo que foram feitas, mas ao mesmo tempo deixando espaço interno para uma placa de vídeo grande, e boas possibilidades de refrigeração. Na época ele era um dos modelos mais baratos da Thermaltake, mas apesar disso traz um acabamento interno razoável, todo pintado de preto por dentro. A impressão inicial é boa, mas as decisões de economia de espaço geraram consequências as vezes bem frustrantes. Ainda assim, com um pouco de paciência e fazendo as devidas concessões, pode ser uma base viável para um PC intermediário.



Acabamento e design

O acabamento, como citado antes, é muito bom. Ele é todo pintado preto por dentro e por fora, com uma pequena janela de acrílico na altura do processador. A pintura é resistente, depois de muito uso não vejo arranhões, limpando ele parece novo. Ele vem com dois fans, o frontal, escondido, e o traseiro, de 120mm, transparente e iluminado por led azul. Nas fotos do artigo ele foi removido para facilitar a montagem. As dimensões  são (altura x largura x profundidade): 430.0 x 190.0 x 473.0 mm.

A fixação dos drives, pelo menos um HD, um flopply (sim, tinha essa previsão, apesar de FDD já não ser comum no lançamento deste gabinete!) e um drive ótico, pode ser feita sem ferramentas usando um sistema com trava da Thermaltake. Também existe espaço para um SSD (ou outro drive de 2,5"), aparafusado no chassis, embaixo das baias de disco.  Na parte de cima se pode ver  a previsão para instalação de dois fans de 12". No total podem ser colocados 5 fans, o frontal, um embaixo perto da fonte, o tradicional na traseira e os dois no teto. Mas como veremos, dificilmente se conseguirá na prática usar todos estes acessos de ventilação. Além disso, ele já possui a configuração mais moderna da fonte embaixo do gabinete, e não em cima. Vamos ver depois como estas coisas funcionam.

Do ponto de vista estético eu também daria nota máxima, dentro da proposta de ser sóbrio e discreto. É subjetivo, e depende muito da motivação de cada usuário no momento, eu próprio dependendo do uso posso querer algo mais apelativo ou mais discreto. Mas o V3 Black é agradável de se ver, sem aspectos extravagantes, cromados, luzes excessivas, ou algo que com o tempo se torne cansativo e ridículo.

Instalação

Como foi dito, o projeto foi claramente pensado visando um gabinete muito compacto. Isso se nota em diversos pontos, alguns bem negativos. O primeiro e mais importante, na minha opinião, é o espaço na parte superior. Note na foto abaixo que o topo fica muito perto da borda da placa mãe. Isso dificulta e muitas vezes impossibilita a fixação de fans nos dois acessos superiores, mesmo os mais finos de 15mm (como o da foto). O da direita geralmente bate no conector de energia da fonte, ou no cooler do processador se for muito grande. O da direita pode bater nos slots de memórias.   

(foto1)

Quando comprei gabinete e percebi este problema comprei logo dois fans slim de 120 mm e 15 mm de espessura (a espessura normal é 25 mm), da Coolermaster (o "XtraFlo Slim 120"). Mesmo assim, com quase todas as placas mãe que testei só consegui instalar um deles de cada vez. As vezes entra forçando uma barra, como no caso da montagem descrita aqui, com a placa Asus M4A785TD-EVO. E isso depende também do conector da fonte, se ele for um pouco mais grosso, não entra de jeito nenhum. Outra dica seria verificar o layout da placa mãe antes da compra, olhando qualquer componente que possa ficar muito próximo à borda da placa.  Eu considero isso um erro de projeto do V3, pois não justifica economizar alguns milímetros praticamente imperceptíveis a olho nú e gerar tanto transtorno de montagem. Uns dois ou 3 milímetros a mais já possibilitaria pelo menos o uso dos fans slim de 15 mm em qualquer placa mãe.

O uso de watercooling interno, tipo os de circuito fechado da Corsair (H40, H55, H60, etc) também não é suportado. Tentei um H40, um dos menores, e não coube, o radiador bate no topo. Depois vi uma instalação no youtube do H60 no V3, mas a pessoa não usou a furação original para isso, e sim aberturas de ventilação, só fixou 2 parafusos, e os outros dois teriam que ser furados depois. Possível até é, já apelando para furos adicionais, e no final a acomodação interna dos tubos de água ficou muito apertada. Eu não aconselho. O que pode ser feito normalmente é a colocação externa do radiador, inclusive já existem dois furos na traseira para passagem dos tubos. Mas isso já indica um sistema todo externo, modular, geralmente mais complicado, hardcore demais para o usuário típico. Ainda assim, é uma opção. 

Fiz esta montagem com um cooler a ar, o CoolerMaster Hyper TX3, modificado, trocando o fan original por dois Noctua NF-B9 PWM (usando o adaptador que vem no NF-B9, para alimentação dos dois fans em apenas um conector da motherboard, pois a placa usada só tem um). Deixei para colocar o cooler depois da motherboard instalada, e de novo senti a falta de espaço. Nesta placa pode valer a pena colocar o cooler do processador antes, dependendo da forma de fixação e tamanho do cooler. E note que o fan superior do gabinete já estava no lugar. Se eu estivesse instalando ele depois da máquina montada, seria preciso retirar o cooler do processador. Daí vem outra conclusão: não é um bom gabinete para manutenções frequentes, PCs entusiastas, quem gosta de mexer. É montar e torcer para nunca mais ter que mexer. Só que um dia vai... Para estas pessoas que gostam de mexer em hardware, trocam peças com frequência, é melhor esquecer gabinetes compactos e alocar um espaço maior na mesa de trabalho. Voltando à montagem, as fotos abaixo detalham melhor o drama com os fans do teto. O da frente:

(foto 2)

 E o mais de trás, note que está pressionando a trava do conector de energia:

(foto 3)

E nesta vemos o cooler do processador já instalado, juntamente com os dois fans superiores:

(foto 4)

Outro ponto relevante da montagem é que não existe nenhuma facilidade para cable management. De novo pela economia de espaço não existe o espaço para passagem dos cabos pela parte de trás da placa mãe. Uma consequência por exemplo é que aquele conector de energia que falei no início, que bate no fan superior, pode ter que chegar lá por cima da placa mãe. Ou se der sorte do babo da fonte ser grande o suficiente, contornando a placa mãe. Note na foto anterior que eu passei ele por baixo da placa de vídeo. O cabo desta fonte não dá para contornar.  Ainda nesta foto 4, note o aglomerado de cabos perto da fonte. A fonte não é modular e não há outro lugar para alocar os cabos não usados. Pior, eles ficam obstruindo parcialmente o fluxo de ar do fan frontal, e assentados justamente onde seria a instalação do fan inferior. Mas que com essa fonte, comprida demais, de qualquer modo não teria espaço para instalação. Note na foto abaixo que a fonte está obstruindo a abertura, incluindo as entradas de dois parafusos:

 (foto 5)

E por fim, um detalhe curioso deste gabinete, que não vi em nenhum outro, é o suporte para aparafusar as placas de expansão. mais uma vez por economia de volume externo, este suporte se projeta para fora, sem apoio do cassis por baixo. Com isso se "economizou" um pequeno volume, realmente inútil, entre a lateral e a barra dos parafusos. Só que, para fechar o espaço de acesso para as placas, existe uma plaquinha removível. O problema é que esta plaquinha tem que ser colocada depois da fixação das placas de expansão. Mais uma vez não é muito prático, um preço a pagar por alguns centímetros cúbicos a menos no gabinete, e na profundidade total da peça.  Na foto abaixo dá pra visualizar melhor, as placas de expansão sem a placa removível de fechamento:

(foto 6)
 A plaquinha removível:
(foto 7)

Na prática, eu acabei usando a maior parte do tempo sem esta placa. Um último ponto de nota, este positivo, é o grande espaço para placas de vídeo longas. Note na foto 4 a instalação de uma XFX HD 6950, muito mais comprida que a maioria das placas atuais e ainda está sobrando muito espaço (por isso nem vou medir, é muito espaço...). Mas como também pode ser visto, não sobrou espaço para uma segunda placa de vídeo paralela, ele ficaria muito colada na fonte, além do provável aquecimento decorrente da ventilação deficiente embaixo e do pouco espaço em si. Não recomendo este gabinete se o objetivo for mais de uma placa, em SLI ou Crossfire. Mas para placa single, este gabinete está de parabéns. E por isso que no inicio falei que o objetivo de projeto era uma máquina gamer compacta. Apesar de todas as economias, sobra espaço para uma placa de vídeo top. Sobre a instalação dos drives de CD e HD, não tive nenhuma dificuldade. Ainda caberia mais um HD de 3,25", mais que isso ficaria complicado. O espaço de 2,5"não foi utilizado, e ainda caberia facilmente mais um SSD. 


Conclusões

De um modo geral eu não recomendaria o V3 Black, mas com preços atuais dele em pouco mais de 200 reais, novo em loja, eu diria que é uma opção para a montagem de uma máquina básica ou intermediária com um visual decente. Além disso pode ser encontrado no mercado de usados, ou talvez numa troca, de uma forma ainda mais vantajosa. Em todo caso, apenas supondo que os objetivos principais são custo/benefício e gabinete compacto. Sobre isso também cabe notar que, com todas as economias de espaço, no final o V3 não é tão menor que um gabinete torre média comum. 

Não se deve comprar se o objetivo for instalação dos fans superiores ou de watercooling, pois no primeiro caso depende de sorte (ou talvez uma pesquisa meticulosa de layout das placas-mãe pretendidas, mas normalmente não se escolhe placa mãe por este quesito! Ainda assim no final um mero conector de energia mais grosso pode ser um problema, como vimos.). E no segundo caso, somente se for para watercooling com radiador externo. E o gabinete também não é bom para multi-VGA.

Acho que citei todas as desvantagens ao longo de texto. Se tendo em vista todas as ressalvas, ainda assim o V3 black parecer uma boa opção para você, então ele é. O meu V3 ainda pode ser útil, não pretendo me desfazer dele. A máquina montada neste teste provavelmente servirá como PC secundário ou utilitário.

Só espero tão cedo não precisar mexer nela!

Link do Fabricante: Thermaltake V3 Black Edition

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