domingo, 10 de outubro de 2021

Impressões sobre o Windows 11

 Estou usando o Windows 11 desde o primeiro dia no canal dev, depois passando para o beta e em seguida o Preview. Agora, após o lançamento da versão final e de alguns meses de experiência, faço alguns comentários sobre o que achei da nova versão sem o impacto emocional da novidade. E a avaliação é ruim, em grande parte por causa da interface de usuário. Mas vou continuar usando o Windows 11, pelo menos no meu único PC que permite o upgrade, pelas razões a seguir.

A função principal de um SO para mim não é ter a melhor interface gráfica de usuário. O objetivo do SO é controlar de forma eficiente os recursos da máquina, ou seja, tempo de CPU, RAM, armazenamento, redes, tudo isso de forma estável e segura. Quanto a isso não tenho criticas ao Windows 11, ao menos em comparação com o 10, e por isso mesmo vou continuar usando o 11. Apesar do ciclo de vida do Windows 10 acabar apenas aqui há uns 4 anos, em 2025, é inevitável que em algum momento a versão atualizada e segura do Windows vai ser apenas a 11, não adianta lutar contra isso. Entre os PCs de uso mais frequente ainda tenho dois, um notebook e um desktop secundário, que não cumprem os requisitos de CPU (Intel de 8° geração) e no caso apenas do desktop, o chip TPM 2.0, para instalar o Windows 11, e devem continuar no 10 até o seu fim de vida em 2025. 

Isto por sinal tem a ver com a minha primeira crítica ao Windows 11. Embora seja tecnicamente recomendável o uso de uma versão mais nova de processador (alguém lembra do Spectre e Meltdown?) e do TPM 2.0 por conta da segurança, a obrigatoriedade destes itens para o upgrade do SO torna PCs ainda muito bons em obsoletos (para o Windows, mas não para o Linux... ). O meu PC desktop incompatível que falei acima tem um Core i7 6700K, de 4 núcleos e 8 threads, 16 GB de RAM e performance sobrando para tudo que eu preciso. Só comprei um PC mais novo por consumismo, ou melhor, pelo chamado "entusiasmo" em tecnologia, assim soa melhor... Mas sem esse PC novo eu estaria apenas com Windows 10 agora.

Mas apesar de serem positivos os usos do TPM e nova geração de processador, os benefícios poderiam ser ativados se estes estivessem presentes, mas permitindo o uso integral do Windows 11. Isso porque segundo a última informação a Microsoft, ela também não vai mais impedir a instalação "limpa" do Windows 11 nas máquinas sem estes requisitos. Mas neste caso não garante o recebimento das atualizações de segurança. O que gera uma situação ainda mais insegura que não ter TPM 2.0 e versão nova do processador! Se a politica continuar esta, a melhor opção é manter o Windows 10 nas máquinas mais antigas e, se elas sobreviverem até 2025, instalar Linux nelas ou usar para alguma coisa offline.

Então o primeiro problema do Windows 11 é esse, transformou boa parte do hardware que eu tenho, principalmente placas mãe e processadores, e não apenas desses dois PCs com Windows 10 que eu mencionei, em lixo eletrônico, caso eu insista em continuar usando Windows. Além do notebook e desktop secundário com Windows 10, ainda tenho placas mãe e processadores em estoque ou montados com outros sistemas que eventualmente poderiam ser instalados com uma versão atual do Windows. Não mais.

A segunda critica é quanto às alterações na interface de usuário. Apesar de ter dito que não é o fator principal de um SO, ela está ali o tempo todo e não tenho como não comparar com a versão anterior. Ficou bonito, e é até um alívio ter alguma mudança depois de muito tempo, nem que seja só para variar. Mas algumas mudança me parecem um retrocesso.

Sobre a posição dos atalhos centralizados na barra de tarefas que é o que mais se comenta na mídia, eu ao contrario não vejo como negativo, e nem sequer me dei ao trabalho de ver como voltar para a esquerda. Simplesmente não incomoda. Mas, e aí começam os problemas, não dá pra reposicionar a barra de tarefas toda facilmente, em cima, do lado, etc. Antes era só arrastar. Porque remover essa possibilidade de customização? 

O pior problema mesmo é o menu iniciar. Eu era fã dos tiles desde o Windows 8, e comprei um Windows Phone em grande parte por causa disso. A idéia era limpar a área de trabalho de atalhos de aplicações e organizá-los no menu iniciar. Os atalhos podiam ser redimensionados, agrupados, e funcionar em parte como widgets, fornecendo informação. Pois bem, agora para começar não dá para redimensionar (alargar) o menu iniciar. Os atalhos de tamanho fixo ficam todos num grupo único de tamanho também fixo que tem que ser paginado. Isso estimula a colocar os atalhos de volta na área de trabalho! O menu iniciar, de longe, é a minha principal decepção com o Windows 11.

Mas, apesar disso, ter uma versão atual do Windows é mais importante e, em algum momento até 2025, será inevitável. Então no único PC que permite o upgrade ele continuará com o 11. Como tenho duas licenças do Windows 10/11, talvez em algum ponto faça um upgrade do PC com o 6700K para outra placa mãe e processador, e então atualize para o 11. E este 6700K+placa mãe iriam para Linux. Sobre o notebook, como é algo que eu já considero por natureza mais descartável, na realidade não lamento muito, e em 2025 ele já deve estar sem bateria mesmo.

Resumindo, o Windows 11 foi um upgrade mais no interesse da Microsoft do que dos usuários. Eles removeram suporte ao hardware antigo, o que facilita o desenvolvimento dos próprio SO e gera menos brechas de segurança que possam ser questionadas. O usuário comum que não tenha um PC dentro dos requisitos de upgrade faria melhor em ignorar totalmente o Windows 11 por enquanto. Os que tem opção podem ou não ficar mais um tempo no 10. Em aplicações profissionais e por precaução, pode ser definido um período de tempo para homologação no novo sistema, até ter certeza que não há nenhuma incompatibilidade nova.


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