quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tizen, o "sucessor" do Meego

Do post no site oficial do Meego, "meego.com":

"I want to personally thank everyone who has participated in MeeGo over the past year and a half, and I encourage you to join us at Tizen.org."


Preciso dizer mais alguma coisa? Então aí vai uma imagem, do mesmo site:

Captou? O site "meego.com" aponta para o "tizen.org". O que muita gente esperava aconteceu, o Meego entrou para a história. Não tão esperado é que ainda teria sucessor, o "Tizen". A Nokia já havia abandonado o barco, e o único motivo para ainda ter lançado o N9 e o N950 com Meego foi provavelmente para desovar os investimentos já feitos:  estoque de peças, as máquinas de fábrica configuradas e o sistema pronto. Fora isso, depois do anúncio da parceria com a Microsoft, nada justificaria a continuidade do produto. Já a Intel ficou sem uma parceira em fabricante de dispositivos móveis, e ficou com o abacaxi do Meego na mão. Agora ela busca outras parcerias, e o Tizen é mais uma tentativa.



Para quem perdeu os últimos capítulos, vai um resumo. No início era o Maemo, sistema da Nokia baseado no Debian, um lançamento bem anterior ao Android, mas inicialmente não em smartphones e sim em uma espécie de PDA, algo que na época chamavam de "tablet" mas que tinha tela do tamanho de um smartphone atual (exemplo, o N800, sem função de telefone). Posteriormente o Maemo foi lançado no N900, este era um smartphone, mas no mercado já dominado pelo iOS e Android. Depois veio o anúncio que o Maemo se fundiria com o Moblin, o antigo sistema da Intel baseado em linux, formando o Meego. Agora o Meego deve "ser fundido" com o Limo, para criar o "Tizen".


O que fica do Meego? Nos foruns os desenvolvedores já estão se perguntando para onde vai o Qt, já que pelo anúncio o desenvolvimento no Tizen vai se basear em HTML5. O que ficou na transição do Maemo para o Meego? Do ponto de vista do usuário, quase nada, é outro sistema. O que fica do Meego no Tizen? Provavelmente, não muito, ou nada.


Essas tentativas de criação de um sistema são tão esquisitas e fracassadas, vindo de empresas grandes e cheias de recursos para pesquisa e desenvolvimento, que já existem teorias de conspiração que são feitas pra dar errado de propósito. Tipo a Intel criando fracassos propositais para um dia recriar o domínio Wintel em smartphones e tablets... :-) [atenção, eu não estou endossando esta teoria, só achei divertida...]. De qualquer modo, parece muito dinheiro jogado fora. A Nokia investiu muito no Maemo e Meego, a Intel no Moblin e no Meego, etc. As empresas continuam, pior é para quem depositou alguma esperança, investimento, dinheiro, estudo e fez planos com base nestes projetos.


Ponto de vista de um usuário (hard-user) sobre o Maemo e o Meego: tenho um N900 com Maemo 5, continuo achando um ótimo aparelho. O que estava errado no Maemo e no N900? Duas coisas. A primeira, o timing do lançamento. Sendo a Nokia uma empresa de celulares, ela lançou o Maemo inicialmente para um aparelho sem função de telefone (N800 e antecessores), deixando os competidores crescerem à vontade! Quando o N900 foi lançado, era tarde demais. E ele não era propriamente um aparelho para as massas, era grande demais, com  teclado físico que encarece e pesa, e tela resistiva. O N9 (com Meego) é que seria adequado naquela época! Ou seja, o N9 está uns 3 anos atrasado. Não precisaria ser exatamente o N9, bastaria algo parecido com um N8 (tela capacitiva e design atraente) com Maemo instalado (com as devidas alterações para a tela capacitiva) e já seria ótimo. 


O segundo erro da Nokia no N900+Maemo é quanto à interpretação de software livre. O Maemo se baseia em Debian, isso é ótimo, mas partes essenciais do firmware são proprietárias, como por exemplo o driver de controle da bateria. E sem ele o aparelho não pode ser usado na prática. Entre outros drivers. Recompilar e montar o sistema operacional dos fontes, que seja usável na prática, uma coisa que hoje em dia se faz em boa parte dos smartphones com Android, é impossível no N900. A critica imediata a este argumento é que o usuário não liga pra isso. Mas os desenvolvedores ligam, e eles são uma parte fundamental do ecossistema, são formadores de opinião. E dão suporte ao sistema quando o fabricante o abandona, tipo as atualizações do Android que certas empresas nunca lançaram nem vão lançar, e estão disponíveis via mods. E também fazem aplicativos para o sistema.


Resumindo, a Nokia errou muito, já pagou por isso, e na minha opinião vai pagar ainda mais. A Microsoft também errou no Windows Mobile 6.x, já pagou com a perda do market share, e não emplacou ainda o Windows Phone 7, que se der errado vai levar a Nokia junto. A Intel está lutando para ter um espaço no mercado móvel, ao que parece tudo que ela quer é algum sistema que seja compatível com a plataforma x86 (Atom), já que o Android, embora exista versão para x86, de fato é vendido para ARM, que é mais barato e eficiente em energia. A única forma de introduzir processadores Intel para smartphones e tablets hoje seria por meio de algum convênio, o que eles tentaram com a Nokia. Mas sem um produto competitivo em eficiência e preço, fica difícil. Ou seja, a associação Nokia-Intel já tinha tudo para dar errado. Não satisfeita, depois disso a Nokia se alia com a Microsoft.


Falando sobre alianças, no TIZEN, de início se sabe que estão envolvidas a Intel, a Linux Fundation e a Samsung. O que cada uma ganha com isso: a Intel como já dito precisa de um sistema para os seus chips (e agora este cargo seria do Tizen) e de uma parceira fabricante de dispositivos (a Samsung). A Samsung talvez queira um sistema alternativo ao Android, para não ficar só na mão da Google, e ter um plano B  para os ataques da Apple. A Samsung também tem o sistema Bada, que ela está tocando sozinha. Talvez ela substitua o Bada como o sistema alternativo  (ou talvez venha a ser seja mais um, o que seria uma estratégia bem confusa, ou talvez o Bada também "se funda" ao Tizen ... :-)  ). A Linux Fundation vai apoiar qualquer coisa que use o kernel do linux, que contribua com fundos ou publicidade e que justifique a sua sobrevivência, eles não tem nada a perder.

Leia também:
LiMo Foundation and Linux Foundation Announce New Open Source Software Platform, Tizen™

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

2nd-init para o Defy

Agora que o CyanogenMod para o Defy está listado no site oficial, e já existem algumas nightlies para instalar, tenho mais um motivo para arregaçar as mangas e testar o sistema. O CyanogenMod (ou CM) é uma ROM construída a partir do código fonte aberto, o AOSP (Android Open Source Project), e não contém a parte proprietária do firmware Motorola e outras empresas. Na realidade, eles tiveram o cuidado de também separar os aplicativos Google que não são open source (como os apps do gmail, gtalk, maps, market, etc., que podem ser facilmente instalados depois), mas ainda precisam incluir os drivers de hardware proprietários. Isto até agora não tem sido um grande problema, e não tenho conhecimento de fabricantes de dispositivos reclamando do uso dos drivers. A segunda barreira é a prática da Motorola de bloquear o bootloader nos aparelhos mais novos ("locked bootloader"). Isso impede a carga de outro kernel, e por algum tempo impediu o uso de ROMs AOSP como a CyanogenMod. A salvação foi o "2nd-init", um hack que permite carregar um outro sistema, apesar de ainda não ter sido possivel desbloquear o bootloader e trocar o kernel. Atualmente o 2nd-init está disponível no Android Market, basta digitar "2ndinit" na busca. Para utilizá-lo é preciso ter acesso root. A ordem das coisas é a seguinte (atenção, isso não é um tutorial, para cada passo abaixo consultar o tutorial correspondente):



1. Ter acesso root, a forma mais fácil hoje em dia é com o SuperOneClick. Isso libera o uso de vários apps que precisam de acesso root;
2. Instalar o 2nd-Init pelo Market, que requer acesso root;
3. Rodar o 2nd-Init, o que efetivamente o instala e também uma custom recovery. Escolhi a opção "stable", indicada para uso com o CM. A versão que rodei foi a 1.9, baixada pelo market;
4. Instalar alguma ROM custom em formato "zip" através do custom recovery. Por exemplo, a CyanogemMod. Ver o item 2 deste FAQ, para ter uma idéia do processo. O arquivo zip citado do FAQ será substituído pela versão a ser instalada que se queira, e o "gapps-..." terá que ser instalado também se a ROM não tiver os aplicativos Google (e se o usuário quiser estes aplicativos, claro, mas provavelmente vai querer pois isso inclui o Market);

Cada um desses passos envolve habilitar ou desabilitar o USB debugging, ou dar reboot no aparelho, ou executar wipe pelo recovery, e isto em momentos bem específicos, alguns arquivos terão que ser copiados para o SD, por isto é essencial ler com atenção os tutoriais. Note que para instalar a CM 7 é preciso partir de uma ROM 2.2 (froyo). Entre os passos 3 e 4 recomendo fazer um backup pelo Titanium Backup e/ou um backup da instalação toda pelo NANDROID (no recovery). Para poder retornar a uma ROM 2.2, de qualquer modo será preciso passar a ROM stock 2.2 completa (em formato SBF) via RSD Lite, e depois aplicar root e restaurar o backup (o nandroid ou o titanium). As ROMs 2.2 stock que estou utilizando são a retail brasileira e a "Nordic", que podem ser encontradas aqui. Não passo os links diretos dos arquivos porque eles podem mudar (são do multiupload). A retail é a melhor ROM stock nacional para o Defy e já tem suporte nativo à 3G em 850 MHz e 2100 Mhz. A Nordic é um pouco melhor (mais limpa de bloatware, Android 2.2.2, a nacional é 2.2.1), mas é 900/2100, o que dá problemas na operadora Claro. Mas isso pode ser resolvido por meio do bansebandswitcher, que a propósito, já vem instalado na CyanogenMod para Defy. Uma vez instalada uma versão do CyanogenMod que se considere estável, pode-se fazer outro backup nandroid pela recovery, de modo a poder continuar instalando versões posteriores talvez menos instáveis, como as nightlies, e poder voltar mais rapidamente, sem o RSD Lite.

Fica claro que o processo de root e o 2nd-Init são essenciais para viabilizar isso tudo. O root está disponível desde os primórdios do Defy. O 2nd-Init veio bem depois, e é um "hack" bem mais sofisticado e complexo. Quem tiver curiosidade, pode ler este excelente artigo de como ele funciona. Lendo o artigo se percebe como as restrições da Motorola quanto ao bootloader ainda causam uma série de contratempos e limitações para o usuário. O Defy é ótimo, mas o bootloader bloqueado ainda é um sério ponto negativo que deve ser pesado na hora da compra (junto com o preço baixo e a robustez física, diga-se de passagem). De qualquer modo, não é o aparelho ideal para o entusiasta de hardware. Para este tipo de coisa tenho o Nexus S. Mas apesar disso, iniciativas como a do 2nd-Init permitem levar o meu Defy ao máximo, e se livrar de qualquer vestígio de Motoblur.

E na prática, como utilizar tudo isso no dia-a-dia, e no seu aparelho principal? Ou seja, um problema que eu tinha era que ao testar ROMs modificadas, algumas não muito estáveis, perde-se configurações, apps, dados dos apps, etc. na troca. Até se pode usar um outro smartphone só para testes, mas com isso testa-se menos, já que usa-se menos. O ideal no meu caso é usar o aparelho de teste como o principal, pois obviamente vou testar mais enquanto uso.

A solução para isso é um outro app, o Titanium Backup, já citado acima, que também requer acesso root. Esta ferramenta permite recuperar os aplicativos instalados anteriormente, sem ter que baixar tudo do market de novo, e nem acessar a Internet. Ela é útil especialmente quando troca a versão do sistema. A outra ferramenta é o Nandroid, o backup/restore do recovery. Ela recupera tudo, incluindo o sistema, apps e configurações, voltando ao mesmo estado anterior. Por isso não serve quando se vai mudar a versão do próprio sistema. Ela é útil para voltar a uma versão anterior estável, depois de testar uma outra versão.  Com uso destas ferramentas consigo voltar os aplicativos mais rapidamente sem precisar reinstalar tudo, bem como recuperar outras configurações. Vale a pena contar a minha historinha pessoal com as ROMs customizadas, para mostrar que não é tão difícil como parece.

Em um primeiro momento, surgiu a insatisfação com ROM da Motorola, pela não atualização da versão do Android, pelos apps do Google que faltam, e pelos apps desnecessários (bloatware: demos de jogos, etc.). Daí veio a vontade de mudar a ROM, e ao mesmo tempo o medo do "brick". Ultrapassado o medo, passei a instalar várias ROMs sem problemas, mas cada mudança era trabalhosa, por causa das configurações. Isso me fez abandonar estes testes por um bom tempo. Uma vez descobertos os backups, o processo ficou mais leve, e permite ao mesmo tempo satisfazer minha curiosidade de testar ROMs customizadas e utilizar o mesmo aparelho no dia-a-dia.

Apenas como referência, uma lista das coisas que eu faço download antes de começar, a maioria dos links citados ao longo do post:

Os seguintes programas, que tem que ser instalados no PC:

1. O driver USB da Motorola (atualmente 5.2.0)
2. O SuperOneClick (difícil saber a versão, mas olhando nos detalhes do arquivo Windows, é 1.3.0.0)
3. O RSD Lite (atualmente 4.9)

Os seguintes aquivos, que tem que estar acessíveis no PC:

1. A ROM Motorola Retail Brasileira com Android 2.2.1 (porque eu acho uma ROM utilizável)
2. A ROM Motorola Original do seu aparelho, com Android 2.2.1 (por exemplo, no meu caso a ROM da Claro, apenas para poder voltar ao estado de fábrica)
3. A ROM Motorola Nordic 2.2.2 (porque é uma ROM utilizável e segundo alguns é a melhor base inicial para a transição para CM7)

Os seguintes arquivos podem estar no PC mas é conveniente já copiar para o cartão SD do Defy:

1. O APK do 2nd-Init, embora tenha no market, por algum motivo posso estar sem acesso à Internet, (atualmente versão 1.9)
2. Um (ou mais) arquivo ZIP com uma versão estável da CyanogenMod 7 (no momento é a RC1.5)
3. O arquivo ZIP com os aplicativos Google (gapps-gb-20110613-signed.zip)
4. Os arquivos ZIPs com versões da CM7 a serem testadas, manter apenas as que interessam.
5. O APK do Titanium Bakckup, que pode ser obtido no site do desenvolvedor:
http://matrixrewriter.com/android/
Com isso se pode recuperar tudo após baixar uma nightly, sem precisar de conexão para baixar o Titaniun do Market. Link direto de download:
http://matrixrewriter.com/android/files/TitaniumBackup_latest.apk

O procedimento em linhas gerais que estou usando para testes com a CyanogenMod é:

1. Instalar uma versão "estável" (a RC1.5)
2. Configurar o sistema, baixar apps, arrumar o desktop, etc. Esta configuração tende a durar mais tempo e não gostaria de ter que ficar refazendo todo dia.
3. Fazer um backup nandroid no recovery
4. Fazer um backup pelo Titanium
5. Para fazer testes com nightlies, wipe e instalar o zip da versão, pelo recovery
6. Assim que der por terminado o teste, recovery, wipe, e restore da versão do passo 3
7. SE achar que a versão nighly vale a pena ser guardada, por apresentar melhorias, fazer um restore dos apps pelo titanium, configurar, e fazer um outro backup do nandroid, e este pode ser usado como um novo ponto de retorno.

O PC só é necessário para copiar o zip das novas versões para o SD, coisa que pode ser até evitada fazendo o download direto do msartphone, se a conexão internet for boa. Então o PC ficaria quase que só para recuperação de desastres. Além disso, também tenho um backup nandroid da Nordic toda configurada, mas para utilizá-la será preciso antes passar o SBF , instalar o root (via PC) e instalar o 2nd-init (do SD ou market).

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

[dica] Root no N900: para não esquecer

A memória falha. Estou falando do cérebro humano mesmo. Hoje estava mexendo no terminal do N900 e me dei conta que tinha esquecido como entrar no modo root, coisa que já fiz milhares de vezes. Tive que voltar pra buscas na web, etc. Esse blog é como uma memória secundária para mim, então vou documentar aqui caso esqueça de novo. E também vale como dica.

Para entrar como root, basta digitar no terminal "sudo gainroot".
É preciso ter instalado o pacote "rootsh", que fica no respositório extras e/ou no extras-devel (versões diferentes, se me lembro bem... :-) ) .

Isso não faz perder a garantia, e o rootsh fica num repositório oficial. Tá, a essa altura ninguém mais tem garantia no N900 já que ele saiu de linha faz tempo. Mas isso mostra como o sistema (Maemo) era aberto, comparado com os que andam por aí hoje, a maioria faz uso de exploits que são caçados pelas fabricantes nas atualizações, substituídos por novos exploits, etc, numa corrida sem fim e sem sentido.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Yahoo! a venda? E qual o futuro dos portais genéricos?

Depois da demissão da presidente do Yahoo!, especula-se agora se a empresa será vendida. A notícia saiu no site G1. Entre os prováveis compradores estaria a Microsoft. Acho que o Yahoo! já teve mais interesse para a Microsoft que tem hoje em dia. Esta última continua tentando emplacar o "Bing", mas pelo menos tem a vantagem de possuir um sistema operacional para tentar mostrar o seu provedor de buscas (é o default do IE, está na página inicial do MSN, que é a página default do IE, etc., quase todo mundo dá de cara com o Bing pelo menos ao fazer uma nova instalação do Windows, a não ser que tome o cuidado de nunca abrir o IE ... :-) ).

A relevância do Yahoo! tem diminuído, na minha opinião, desde a perda da liderança na área de buscas, para o Google. E a empresa não tem outro serviço de sucesso além de ser um portal genérico: notícias, serviço de email, grupos de discussão e etc. A fonte de renda deve ser apenas propaganda no site, que é proporcional a acessos, disputados em igualdade com milhões de outros portais. A outra pancada no Yahoo! deve ter sido a ascensão das redes sociais, que não só ocuparam mais tempo de navegação dos usuários, como suas comunidades entraram no mercado do "Yahoo! Grupos".



Não sei o grau de liberdade que Carol Bartz tinha para mudar esta estratégia e tentar explorar outros mercados, nem qual era sua opinião quanto a isso. Mas se não tinha, o declínio não foi culpa dela.  O Yahoo! era uma das últimas empresas da "bolha da Internet", que vinha sobrevivendo depois do estouro (da bolha). Eles podiam ter tentado vender vídeo e música pela Internet, eles podiam ter tentado fazer um sistema operacional de smartphones (como o Google), sei lá, qualquer coisa, porque apenas investir em ser "portal" não vejo muita perspectiva.

A "bolha", para quem não pegou esse tempo, era quando se falava das empresas da "nova economia" (da web) desbancando as tradicionais "de tijolo e cimento", como se a tecnologia de comunicação com o consumidor redefinisse a economia toda. Esses dois termos eram martelados continuamente no noticiário, e a oposição entre as duas economias era tida como um fato, dando a entender que "a nova" estava substituindo "a velha". Essa ilusão finalmente acabou, e se percebeu que muitas dessas empresas da "nova economia" não tinham como ser auto-suficientes, a maioria nunca chegou a dar lucro. Algumas fecharam, outras foram adquiridas, e uma minoria sobreviveu, pelo tamanho e boa administração. O Yahoo! era uma delas, mas boa administração não é suficiente quando as fontes de renda a serem exploradas ficam escassas. O Yahoo! hoje é um dinossauro dessa época, apesar de nem fazer tanto tempo assim.

O outro possível comprador do Yahoo! citado da reportagem do G1 é o AOL, que é uma empresa mais ou menos na mesma situação do próprio Yahoo!,  O AOL inclusive tentou se associar a uma empresa da "velha economia" (a Time-Warner) mas não deu certo. É interessante que o AOL  inicialmente era uma empresa com finalidade bem concreta, de ser uma rede privada, "um serviço online",  e depois um provedor discado para Internet (a época em que eles davam milhões de CDs gratuitos com o programa discador o AOL). Mas os provedores de Internet agora são as empresas de telecomunicações, e de certa forma sempre foram. Ser provedor discado era colocar modems dial up em alguns números de telefone, numa ponta da linha, e esperar a chamada do modem do cliente para se conectar, e depois fazer a ligação com os backbones das operadoras de telecomunicações. Com a banda larga as próprias operadoras levaram o cabo para a casa dos clientes.  Em alguns casos, como por exemplo a operadora Oi aqui no Brasil, o cabo sempre esteve lá, eles apenas estenderam os protocolos para conectar o modem ADSL. Então com o fim desse mercado de provedor dial-up, a AOL tentou ser também um provedor genérico de conteúdo, portal, etc., o que é realmente difícil pelos mesmos motivos vistos acima. A diferença é que, ao contrário do Brasil, em que se  fica tentando proteger os antigos provedores discados (com as vendas casadas do Oi-Velox por exemplo), lá fora eles tem que tentar sobreviver por conta própria.

Do ponto de vista pessoal, o Yahoo! foi meu segundo webmail gratuito "sério", depois que percebi como era ruim usar endereço de email associado a provedor Internet. O primeiro webmail dissociado de provedor foi o Hotmail, no meio dos anos 1990, que ainda tenho. Usei uns 2 anos, mas foi caindo em desuso porque na época oferecia uma quantidade de espaço ridículamente pequena (não lembro exatamente, mas acho que eram 2 Mb?), além de apagar os emails antigos em caso de inatividade da conta. Passei para o Yahoo!, que tinha mais capacidade e termos de serviço melhores, e usei como email principal por vários anos, até por fim aderir ao Gmail, com seu 1 Gb (no lançamento), lá por volta de 2004. Usei tanto o email como os grupos do Yahoo!, sem problema nenhum, e caso aconteça o pior, a desativação desses serviços, será triste. Mundo cruel ... :-)

Vamos aguardar os acontecimentos e ver o destino do Yahoo! e dos serviços análogos. A mim parece que, depois do fim da oposição "nova economia x tijolo e cimento", cada vez mais acabará essa distinção entre empresas antes consideradas "de tecnologia" e as outras empresas de serviços.  As empresas terão que se redefinir melhor e escolher o foco. "Tecnologia" é um termo genérico demais para ficar sendo aplicado apenas à TI. Além disso, mesmo em TI, uma empresa teria desenvolver realmente alguma tecnologia (como por exemplo Google e Microsoft fazem) para levar este título. Empresas que antes eram associadas a TI acabaram perdendo este foco, tal como o AOL e o Yahoo!.  O Yahoo! é uma empresa de TI, ou é um canal de comunicações, como um site de jornal? Me parece que hoje ela está muito mais para esta última. E está entrando como assunto aqui neste blog (sobre TI) muito mais pelo que foi no passado. [ Nota: A propósito, a mudança do nome do blog para "hardware e software", apesar de ainda me soar como um nome meio bobo, foi mais para marcar uma distinção com "tecnologia", que passei a achar muito genérico, ou mesmo TI, que também é. Não achei um nome mais interessante, mas este cumpriu bem este papel. Alguém pode notar que 'hardware' também tem outro significado, e pode ser outras coisas que não computadores, periféricos, mas com a palavra 'software' do lado não há dúvida!];

Outra questão ainda mais difícil de responder hoje em dia: e as redes sociais são serviços de TI? Ou são apenas mais um tipo de portal genérico? Ou vão virar uma plataforma para todos os aplicativos que dominará tudo? Ou serão as próximas a declinar daqui a alguns anos, quando se perceber que muito do que fazem ou é desnecessário, ou pode ser feito melhor de outro jeito? Hoje fica bem difícil de prever.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Netflix funcionando no Brasil

Segundo notícia no blog da empresa, a Netflix já está operando na América Latina, incluindo o Brasil. O preço, segunda outras fontes, seria de R$ 14,99 ( a NetMovies está a R$ 9,99, mas seria preciso comparar os catálogos e qualidade), e a assinatura dá direito a um mês grátis: "Brazilians can now sign up for one month free at www.netflix.com". Ainda não testei, o que se tudo der certo devo fazer ainda hoje.

Já estou a um tempo esperando uma alternativa de qualidade para acesso a filmes e séries por demanda. Há um mês cancelei os pacotes de filmes, porque já me parece um absurdo ter que estar disponível na hora em que a emissora resolve programar a transmissão de alguma coisa! Simplesmente não dá para acertar a agenda, e por isso eu estava usando muito pouco. Já teria cancelado a TV a cabo toda, não fosse o fato que o pacote de Internet puro sai quase o mesmo preço do combo Internet+cabo+telefone, pela promoção coletiva do condomínio. Aliás, com esses provedores de vídeo sob demanda entrando, provedores de TVs a cabo acabarão tendo que rever os seus pacotes e preços.

Até mesmo o download ilegal de filmes e séries é capaz de ser atingido! Quem tem meros 15 reais por mês pode se livrar do trabalho e perda de tempo que é navegar para procurar e baixar arquivos, legendas,  etc. Minha opinião, nenhum dos dois, filmes/séries por TV a cabo, e o download ilegal, tem um futuro muito brilhante pela frente. O primeiro está obviamente obsoleto, e o download será cercado e controlado cada vez mais, principalmente no caso dos filmes. Para séries, já estão sendo distribuídas por streaming nos sites das próprias emissoras, embora nem sempre no tempo desejado e no mundo todo.  Fica apenas a nota de que as legendas alternativas de seriados (e filmes) muitas vezes são de qualidade muito melhor que as que vem nos DVDs ou nas transmissões das emissoras (e podem ser corrigidos, basta editar o arquivo texto). Percebi por exemplo que a legenda de "House" no Universal Channel é diferente da que está nos  DVDs oficiais, muito piores, e que ambas em geral são piores que os legendadores independentes.

Sobre a Netflix, uma vantagem é o uso de várias plataformas, incluindo PC e PS3. Minha  idéia é usar o PS3, que já fica ali do lado da TV da sala, e parece ser a central de mídia mais óbvia, incluindo tocar algum eventual DVD ou Bluray, o que deve ficar cada vez mais raro.

domingo, 4 de setembro de 2011

O que fazer enquanto se espera o Diablo 3

Minha expectativa de lançamento por enquanto é o Diablo 3. Não sou um fan histórico da franquia, não comprei o primeiro, e confesso que só comprei o Diablo 2 a uns dois anos atrás, que ficou meio largado. Não houve motivo especial para isso, eu já tinha muito o que jogar, inclusive outros títulos da própria Blizzard (especialmente o Warcraft 3 e expansão, o Starcraft 2 e o WoW), além dos demais jogos. Alguma coisa infelizmente tem que ficar de fora. Agora a propaganda do Diablo está mais incisiva, e tenho gostado muito do que tenho lido. O problema é que ninguém sabe quando exatamente será lançado. Tudo o que se tem são estimativas, melhores ou piores dependendo de serem mais ou menos embasadas em indícios e na experiência pessoal de quem faz. Nada concreto. A maioria coloca o lançamento no final de 2011. Eu pessoalmente não colocaria minhas fichas nessa aposta, apesar de entender a lógica por trás dela. Meu palpite seria o primeiro semestre de 2012. De qualquer modo uma coisa é certa, está cada vez mais perto... :-)

Pois bem, então enquanto o jogo não chega, não adianta ansiedade. Pode-se fazer uma força para esquecer o assunto. A terceira alternativa é uma "espera ativa", ir se informando e se preparando para o que virá. Abaixo dou 3 sugestões:

1) A dica básica, acompanhe o site oficial do jogo, em português, com notícias e fórum. Pode-se ler por exemplo como vai ficar o sistema de recursos das classes. O guia do jogo também está sendo atualizado, sendo que por enquanto alguns artigos estão em inglês. Para quem não tem problemas com este idioma, vale a pena ver os dois artigos sobre a lore do Diablo, a cronologia e do diário de Cain (com vídeos). Existem outros sites e blogs não oficiais com notícias que ajudam a se manter informado.

2) Ir jogando o Diablo 2, para ir conhecendo a estória, ou relembrando, e ir entrando no clima. Os gráficos tem de ser vistos pela ótica da década de 1990 e suas limitações técnicas, mas quem souber abstrair isso verá a beleza no meio dos pixels aparentes. Realmente é um bom trabalho gráfico. Os que não puderem ou não quiserem jogar a versão anterior tem a opção de ler sobre a estória do jogo em diversos sites pela Web. Óbvio que jogar o 2 agora não é um "treino", já que o 3 é muito diferente para permitir isso, mas dá pra ir entendendo os elementos principais.

3) Deixe a barba crescer: "O Desafio das Diabarbas"

Esperar pode ser menos chato!