domingo, 9 de dezembro de 2012

Notas da semana, RAZR i, o futuro dos sockets da Intel e etc

Quatro notas sobre fatos desta semana (1) experiência de uso com o RAZR i, (2) boato sobre o fim dos sockets da Intel, (3) recomendação de jogo 3D para Android e  (4) uma reflexão de última hora sobre as (2) e (3).





(1) Usando há uma semana o RAZR i, meu primeiro Android com processador Intel. Experiência muito positiva. Bom custo x benefício. Meu maior medo era a compatibilidade dos apps com o x86, mas até agora  não tive problemas instalando os meus aplicativos,  testei uns 30 até o momento. Mais rápido que o Nexus S, e a bateria aguenta mais. Mas fiz um downgrade da versão do SO, espero que temporário. O Nexus S já estava na 4.1.2, e o RAZR i vem com o 4.0.4. Mas a Motorola promete o Jelly Bean para inicio de 2013. Cliente antigo da empresa (DEXT e DEFY), aprendi que com eles que não adianta ter ansiedade. E o  4.0.4 por enquanto ainda é uma versão  aceitável. Por outro lado, o  RAZR i está incluído no programa oficial de desbloqueio  de bootloader da Motorola (que ainda não fiz), entào quem sabe esta pode ser uma opção.

O Nexus S perdeu muito do charme comigo depois da notícia que acabou a atualização oficial do Google para ele, e além disso o hardware está meio defasado... mas pretendo mantê-lo como aparelho secundário, e por ter sido meu primeiro Nexus. Mas também não me animei muito com o Nexus 4, primeiro pela especificação da memória flash interna, 8 e 16 Gb (apenas!) sem slot SD...  Ainda não consegui entender a lógica ou conceito por trás disso, uma vez que no momento a tendência é precisar de cada vez mais armazenamento interno. O RAZR i vem com 8 Gb, sendo 5 Gb livres para o usuário, mais o slot para SD de até 32 Gb, onde já coloquei um de 16, totalizando 21 Gb, mais que o Nexus 4 top. E depois por que nem existe previsão de lançamento do Nexus 4 no Brasil. Não quero ficar me dando ao trabalho de importar celulares para ter um Nexus a cada upgrade. Por essas e pelo fato de estar com muita curiosidade de experimentar um x86 mobile, acabei indo de RAZR, e até agora acho que foi bom negócio.

Resumo do RAZR i: Processador Intel Atom Z2460 (Medfield) de 2 GHz, que aparece como dois núcleos em alguns apps de benchmarks, mas é o hyperthreading, não são dois cores físicos; GPU PowerVR SGX540; 1 Gb RAM; 8 Gb de armazenamento interno; tela de 4,3" (960x540, qHD); Android 4.0.4 no momento. Câmera frontal  de 1.3 MP e traseira de 8 MP. Tela Gorilla Glass, corpo em alumínio pintado de preto e traseira em fibra de kevlar. Observações: bateria não removível, e usa micro SD (como o iPhone, e não o mini SD mais comum). Especificações completas (gsmarena).

Impressões gerais: rápido, tela excelente, corpo muito fino, leve e com acabamento bonito e resistente.

(2) Continuando com Intel, me chamou atenção esta semana um rumor de que a Intel iria deixar de produzir processadores para sockets. Veja também este artigo na ZDNet. Ou seja, seriam todos soldados na placa, via BGA. A Intel já desmentiu, se declarando comprometida com os montadores caseiros de desktops (DIY), estusiastas, gamers e etc., para os quais escolher o processador sempre foi uma tradição. O fato mesmo é que vazou um roadmap de uma nova linha de processadores 14 nm em que não havia a opção de socket. Mesmo que este documento seja oficial, não significa que não existam outras linhas de processadores mantendo sockets. Mas voltando à especulação saudável, me pergunto até quando, já que o mercado de desktops está estagnado com tendência de declínio. Logo montar PCs de ponta vai ser um hobby de nicho, e cada vez mais caro. E não aparecem mais títulos de jogos pesados, que justifiquem isso. E nem sequer versões do Windows, o Windows 8 está bem eficiente em máquinas modestas!

De qualquer modo, não é comum comprar outro processador para uma placa existente por dois motivos, um é que o processador que for retirado fica desperdiçado ou se tem o trabalho de tentar vender, e outro é que para um PC novo geralmente se pensa em um processador novo, e dificilmente usar um antigo. Por outro lado, uma placa mãe top pede processador top, placas médias processadores idem, e por aí vai. Então, se a Intel começar a fixar, por exemplo,  placas mãe "extreme" com o Core i7 top, seria menos um trabalho para mim, e particularmente eu não estaria chorando pelo fim dos sockets...

Na realidade, já tenho uma placa Intel com processador soldado, uma D525MW (com Atom). Claro, ela está no outro extremo do espectro que citei antes, é uma placa low end muito barata, que comprei apenas para fazer um servidor de testes. Passado o período de garantia, esse conjunto todo é descartável, e por ser barato não há drama. Mas e se fosse caro? Digo isso porque o índice de falhas em placas mãe é muito maior do que em processadores, e se ele estiver soldado na placa, perde-se tudo. Em geral um processador top é duas a três vezes mais caro que a placa mãe, e em caso de falha troca-se a última, mantendo o investimento no processador. Ainda assim, se e a Intel honrar a garantia de 3 anos, não seria tão dramático, pelo menos para as placas mãe Intel, claro...

Minha impressão é que montar desktops vai ser um nicho cada vez menor. E a pergunta que não quer calar é:  haverão tantos "montadores caseiros, gamers e entusiastas" para justificar a produção de um equipamento bem mais caro em volume industrial? Para a Intel poderia valer muito mais a pena partir para BGA apenas, pois barateia o processo e com isso permite expandir mercado. Mas ao mesmo tempo arranha a imagem como fabricante de produtos top e customizáveis.  E eles não poderiam simplesmente sair deste segmento, e deixar esta fatia todinha para a AMD. Se a AMD aderir, ou acabar, é menos um empecilho. Por conta destes pontos, para curto prazo acho que ainda não, para depois, talvez.  E essas considerações independem dos boatos e declarações oficiais. Consumidores que atualmente desejam tablets e smartphones podem continuar alheios a esta discussão toda, pois para eles os processadores sempre foram soldados na placa...

(3) Uma recomendação de jogo para Android, o Dead Trigger. Eu queria um jogo 3D para testar a capacidade gráfica do RAZR i, citado acima. O jogo é de tiro em primeira pessoa, e se passa depois de um apocalipse zumbi... A falta de originalidade do tema se compensa com a interface de usuário bem resolvida, comandos rápidos e simples, e fluidez dos gráficos. Funcionou também muito rápido no Galaxy Tab 10.1. E se logando, dá pra salvar os dados na nuvem e recuperar em diversos dispositivos. É um play for free com microtransações, mas se pode ganhar o mesmo recurso comprado jogando (de forma mais lenta, o que é indiferente para o jogador casual).

(4) E por fim uma reflexão sobre as notas 2 e 3... Juntando tudo agora... se um tablet (ou smartphone) que nem é de ponta já oferece uma experiência gráfica 3D (o jogo Dead Trigger) equiparada a um desktop médio de dois anos atrás, o que os desktops de agora para o futuro deverão oferecer para manterem no mercado? Não estou pensando naquele jogador hardcore, que jamais pensaria em trocar o mouse-teclado por outra coisa... e sim nos jogadores mais casuais que não são tão fiéis, que não veriam justificativa suficiente em comprar e possuir um PC desktop caro e grande. Quanto mais os  PCs desktops perderem mercado, mais perdem também economia de escala e ficam mais caros, é um círculo vicioso. Por isso que, independente da veracidade do boato e declarações da Intel na nota (2), não estou muito otimista quanto aos desktops de ponta para consumidor final, pelo menos não neste modelo do monte você mesmo que já dura mais de 3 décadas. Detalhe, estou torcendo para que continue,  ou pelo menos sobre alguma coisa.

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