quinta-feira, 24 de julho de 2014

Lumia 530: Microsoft aproveita o sucesso do 520 e tenta unificar a linha de smartphones no Windows

A Microsoft anunciou esta semana o Lumia 530, que tem relativamente poucas alterações com relação ao 520. Processador melhor (quad-core de 1.2 GHz, contra o dual core de 1 GHz anterior), cantos arredondados, já vem com Windows 8.1 e aceita cartão SD de até 128 Gb, e alternativa do modelo dual-SIM. Muita coisa fica igual: tamanho da tela, RAM de 512 Mb, a bateria é a mesma, tampa traseira removível, etc. E também houve alguns poucos "downgrades": o armazenamento interno caiu de 8 para 4 Gb, a espessura e peso aumentaram ligeiramente. O melhor downgrade no entanto é no preço: pelo menos lá fora, ele é comemorado como o Lumia mais barato já lançado até o momento. Com isso a Microsoft está mirando o mercado low-end, para competir com os Moto E e Moto G. Também tenta captar o usuário que vai comprar o primeiro smartpfone, para substituir o celular normal, e que não fez isso ainda em geral é pela questão do preço, principalmente nos mercados emergentes como Brasil e países da Asia. E por fim, comenta-se que ela tende a substituir definitivamente toda a linha Asha, com sistema S40, e ainda o "eXperimento" que foi o Nokia X. Com isso todos os smartphones Nokia utilizarão Windows Phone. É um movimento lógico e esperado. Ou seja, o lançamento do Lumia 530 atende a 3 objetivos ao mesmo tempo, com boa chance de êxito em todos eles. Boa tacada.


Pessoalmente fico feliz em ver a Microsoft finalmente ouvindo o mercado e reagindo de acordo. O 520 foi o maior sucesso mundial da linha Lumia até o momento. Tenho um desde dezembro de 2013, e de todos os aparelhos "budget" (visando custo/benefício, para quem tem orçamento apertado, ou para quem não dá realmente muita importância ao smartphone, também conhecidos como low-end) que eu já tive, foi disparado o melhor. As razões para eu afirmar isso são simples e mais ou menos objetivas. Apesar de visualmente ele transparecer ser mais barato para um observador atento, pelos materiais usados e forma de construção, o 520 ainda assim é sóbrio e consegue ser bonito. As vezes acho que as empresas "enfeiam" produtos de entrada só pra demarcar bem a classe a que pertencem, e poderem cobrar um pouco mais pelos mais estilosos, e no Lumia 520 não vi isso. Além disso, ele não vem com bloatware, aquele software não solicitado, jogos demo, programas de operadoras, que por vezes não se consegue remover e fica ocupando memória e ícones inúteis. Também não tem nenhuma customização de operadora: tela de inicialização, logos, wallpapers, etc.,  e nem de fabricante, claro, já que a própria MS já tinha o acordo com a Nokia quando foi feito o projeto, de certo modo eles já projetavam. É o Windows Phone tal como foi criado, uma interface moderna e bem desenhada, e seria um crime estragá-la com customizações. Além disso a tela é de 4", acima do padrão para esta classe de entrada, apesar da resolução ser baixa para quem já se acostumou com uma maior. E tudo isso por menos de 500 reais (já se acha agora por menos de 400).  Enfim, é um produto bem honesto. E por isso não me admira ter sido sucesso mundial, apesar da linha Lumia em geral não ser.

Tenho que reconhecer no entanto que o Lumia 520 não é meu único aparelho, e nem é meu aparelho principal no momento. Também tenho um Nexus 4 (um Android "quase top", ainda para os dias de hoje, que é meu smartphone principal) e o N900 (resumindo: para geeks, mas que eu insisto em usar no dia a dia). O Lumia 520 foi comprado por pura curiosidade. Gostei da interface do Windows 8 quando fiz o upgrade do sistema no notebook, e quando vi o Lumia 520 por menos de R$ 500,00, pensei em testar como seria. E fiquei feliz em ver que a interface nova funciona até melhor em dispositivos moveis. Considero o WP 8 mais intuitivo e simples que o Android 4. Reconhecendo que este último já está mais refinado, e que sinto falta de algumas features de sistema e interface de usuário, principalmente com relação à integração de contas de serviços de terceiros (facebook, Google, etc), sem falar da quantidade de aplicativos na loja. Mas no geral, achei o Windows Phone excelente, e extremamente rápido, considerando o hardware modesto.

O Lumia 530 tem tudo para continuar o caminho de sucesso do seu antecessor. Pessoalmente, eu hoje já tentaria subir um degrauzinho na linha Lumia, colocar 1 Gb, aumentar a resolução. Nem sei que modelo seria esse. O 630/635 também não é. Por outro lado, ainda é complicado fazer um grande investimento enquanto o Windows Phone não decola de vez.

A análise mais interessante é se a Microsoft estaria nos fornecendo aparelhos tão bons e baratos se não estivesse lutando com todas as forças por um pedaço significativo do mercado mobile. Lembrando que quando a Nokia decidiu pelo Windows Phone há uns 3 anos, era porque não queria se rebaixar a brigar com preço no mercado Android. E os primeiros Windows Phone eram realmente produtos premium, construídos com materiais diferenciados, design inovador (embora copiado do N9), e preço no patamar mais alto também. Queriam fazer um concorrente para o iPhone, e tecnicamente fizeram, só que o mercado, previsivelmente, não estava de braços abertos para aceitá-lo naquele momento. A ideia agora é começar por baixo, capturar as massas. Minha opinião é que com o mercado saturado como está, com smartphones e tablets deixando de ser novidade, de uma forma ou de outra chegaríamos nesta situação. De qualquer modo, viva a livre concorrência!

Então adeus S40, Symbian e Nokia X, já vão tarde. O próximo passo, do qual estou aguardando o anuncio, e quando eles vão abandonar o nome "Nokia" (e pelo contrato de compra, terão um prazo máximo para fazê-lo), e que impacto isto terá naquele pessoal que ainda vê esta marca como tradicional e sinônimo de qualidade.

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