terça-feira, 30 de agosto de 2011

Qual o dispositivo certo?

Faz uns 3 anos que o mercado de consumo vem sendo bombardeado por ondas de novos tipos de dispositivos de computação. Netbooks, e-readers, smartphones e tablets, que se juntaram aos tradicionais PCs desktop e notebooks. A cada uma delas vejo pessoas achando que o dispositivo da moda é a solução ideal e definitiva para tudo. Conheço gente que era fanática por e-reader, depois chegou a defender smartphone como o substituto para todos os computadores pessoais, isso a um ano atrás. Esta mesma pessoa dizia ser totalmente viável ler qualquer livro no smartphone (eu no máximo acho possível ler alguns tipos livros, em algumas situações, no smartphone, fora isso é uma tortura, algo a se evitar!). E agora, claro, esse indivíduo quer comprar um tablet para ser "o computador"...

Pode ser de consumismo, deslumbramento com tecnologia, ou de querer simplificar demais as coisas, em detrimento da realidade. Não importa o motivo, para mim o fato é que estas escolhas levam esta pessoa (é caso real) a ser potencialmente, e não necessariamente, mal atendida em diversas atividades. Cada dispositivo tem um uso ideal, e só quem tem um uso extremamente restrito estaria totalmente bem atendido com apenas um. A maioria estará melhor como dois ou 3. Alguns precisarão ter todos. Procurei pensar nos usos ideais de cada classe de equipamentos para consumidores comuns. Vou começar do menor (em tamanho) para o maior.

1. Smartphone
É bom para ler emails, escrever e responder emails curtos, ver páginas web rápidas e simples, twitter, facebook e atualizações de redes sociais em geral, mensagens instantâneas, mapas, câmeras (foto e vídeo), GPS, ouvir música. E claro, falar no telefone. Praticamente todo mundo faria uso útil de um deles, e não ter é uma espécie de teimosia anti-tecnologia. Mas não serve para tudo...

Teoricamente um smartphone  é um computador. E mais poderoso do que os primeiros computadores pessoais.  Só que com telas de geralmente não mais de 4 polegadas, e com teclado virtual na própria tela ou teclado físico minúsculo. Isso limita muito os usos possíveis.

O Motorola Atrix veio para provar que não é bem assim.  Eu aplaudi no lançamento, mas ainda não estou usando um, com teclado e vídeo de tamanhos padrões de desktops conectados a ele. Aqui vamos ver se repetir um padrão: o Atrix com os docks (de notebook ou de mesa + periféricos) sai mais caro que um notebook ou desktop, e sendo mais limitado. Por isso que esses aparelhos geralmente ainda não são usados assim. Sai mais caro e não é tão bom. Talvez isso mude no futuro, mas eu creio que aqui o mais importante é o formato físico e não a capacidade computacional do dispositivo.

2. e-Reader
Ler livros, é óbvio. E por enquanto é só nisso que eles são bons, até porque foi para isso que foram projetados. São os melhores equipamentos eletrônicos para ler. Só não são melhores que os próprios livros em papel.... Mas admito que podem ser mais práticos que o livro tradicional de celulose em várias situações. São mais leves, poupam espaço, permitem adquirir textos que não existem mais em papel, compra eletrônica com acesso imediato, eliminam tiragens encalhadas, racionalizam tudo. E a tela é muito melhor que a dos tablets para se ler.

Antes dos tablets os e-readers eram notícia na TV, e iam acabar com livros. Foram febre de consumo, e os maiores fabricantes tinham modelos. Agora mal se lembra que existem, o que também é uma injustiça. O que define um e-reader geralmente é a tela com o "e-ink", aquela telinha preto e branco que é boa de ler no claro e não emite luz. E que tem tempo de resposta lento. Mas a vantagem de poder ler no sol e não cansar a vista com a luz do LED é imbatível.

Geralmente os e-readers só tem a funcionalidade de ler. Isso é uma restrição de software, por dentro também é um computador. Chegou-se a ver alguns aparelhos hackeados rodando outro sistema operacional. Mas isso não é do  interesse do fabricante, e a explicação seria assunto para outro post. É a mesma situação dos consoles de videogames, que também são computadores completos, mas são restritos para praticamente só rodar games. Talvez algum dia se abra a funcionalidade dos readers para uso mais geral. Mas aí se esbarra na limitação da tela. Na medida em que ela é boa para ler é péssima para todo o resto. Fica dependendo de aparecer uma nova tecnologia que faça as duas coisas bem. Poderia ser o fim da classe dos e-readers de vez, pois seria só agregar a nova tela nos tablets e eles poderiam ser usados para ler sem nenhuma desvantagem.

Ainda quero um e-Reader por causa da tela, que nenhum tablet atual consegue substituir. Ainda não tenho um porque estou esperando para ver como vai ficar, e já estou nesta situação faz anos. Falta o estabelecimento de padrões de arquivos, de comercialização, etc. Enquanto isso vou comprando livro em papel mesmo ... :-) Acredito que no futuro os livros serão em geral lançados em meio digital e os livros clássicos, caso se quisesse, poderiam  ser comprados em papel. Ou algum livro seria impresso em papel sob encomenda individual, ou em tiragens limitadas.

3. Tablet
Bom para acessar a Web sentado no sofá, ou na cama. Para acessos à internet  mais casuais como um site de notícias, uma consulta no banco ou uma compra online. Talvez ver um vídeo fora de casa. Jogos só os bem casuais. Forçando uma barra, ler livros (entendendo que livro é uma leitura mais demorada que a de um site web e portanto pede um equipamento mais adaptado).

Estudos mostram que a luminosidade da tela interfere depois no sono (se usado antes), e a tela de LED perde força com a claridade ambiente e é ruim para ler na varanda. Logo, leitura não é o forte dos tablets atuais. Jogar "a sério"? Bom, por enquanto eu passo, como também já abandonei jogos no smartphone, depois da animação inicial. O teclado do tablet é melhor que a dos smartphones apenas no tamanho, pois a tecnologia é a mesma (porcaria... para teclar). Para resolver isso existem os kits de teclado físico + case. Mas de novo, assim como no smartphone, essa solução atualmente é mais cara que um netbook.

Por outro lado, o tablet também não substitui os smartphones, porque não cabe no bolso e não são tão discretos. E não substituem totalmente os e-Readers, pelos motivos já vistos. Eles não substituem nada!

Mas eu quero um, para navegar no sofá enquanto vejo TV. Não tenho um tablet ainda por causa do preço, acho que deve se estabilizar em um nível de menos da metade do atual, isso falando dos equipamentos de marca. Em moeda de hoje, acho que R$ 600,00 seria um valor justo para um Xoom ou um iPad, mas o Xoom está custando aproximadamente 2.000,00 (com 3G)! Não preciso tanto assim, dá pra esperar.

4. Netbook
Produzir conteúdo ( principalmente textos, talvez planilhas) em trânsito, navegação web em trânsito, principalmente se envolver preenchimento de campos. É a máquina com teclado físico ideal para se carregar por aí. Geralmente roda qualquer aplicação mais leve de PCs convencionais, incluindo produtividade (Office e etc.).

Tenho uma implicância histórica com o termo "netbook", porque eu acho que não existe realmente necessidade de criar uma nova classe de máquinas. Ainda mais porque os netbooks atuais quase todos rodam os mesmos sistemas operacionais (geralmente Windows XP ou 7), e os mesmos aplicativos dos notebooks, além dos processadores x86 e 2 GB de RAM. Como diferenças está a falta do drive ótico e o tamanho menor da tela. Mas as telas iniciais de 7" passaram para 10,1" e está começando a se estabelecer o padrão de 12".  Acredito que as (poucas) diferenças entre netbooks e os notebooks menores vai começar a desaparecer, com a extinção geral dos discos óticos e a tendência de notebooks mais leves e finos.

Quando os netbooks usarem sistemas para nuvem (como o Chrome OS) esta situação mudará radicalmente, e o nome NETbook realmente fará mais sentido.

Regra geral para quem ainda tem dúvida entre netbooks e tablets: para navegar despreocupadamente no sofá ou na cama, o netbook não é bom, melhor um tablet. Mas se tiver que teclar muito, melhor o netbook. Idem para manipular dados.

5. Notebook
Praticamente qualquer uso para um computador pessoal. Produzir documentos, produtividade de escritório, navegar, emails, redes sociais, comunicação (video-chamada), ver algum filme casualmente (em viagem por exemplo). É "o computador" propriamente dito da maioria das pessoas, e tende a substituir progressivamente os desktops (até um limite).

Quer dizer, é um netbook maiorzinho ou um desktop transportável. De fato,  um notebook de 15,4 é quase um desktop! Desisti de tirar uma máquina dessas de casa, é pesado demais, grande.

Em geral um notebook oferece tudo que se precisa. O teclado, mouse e o vídeo podem não ser tão bons e ergonômicos quanto os dos desktops. Mas neste caso, ao contrário dos smartphones e tablets, é muito fácil plugar tudo isso nas USBs e na saída de vídeo, se necessário. É quase um desktop, só que com algumas poucas desvantagens, que para boa parte das pessoas é irrelevante.

6. Desktop
Profissionais que precisam de mais poder de processamento e gamers.

Bom, esse é o segmento mais difícil de defender hoje em dia. E basta ler a linha acima para ver que exclui quase todos os consumidores finais. A classe que mais se identifica como consumidor genérico é a dos gamers, mas até esses, em muitos casos, são melhor atendidos com um bom console.

Desktop é uma máquina que ocupa mais espaço (sem falar no emaranhado de cabos atrás), dá mais trabalho de manter (muitas atualizações, antivirus, backups), gasta mais energia, e se for usada da forma na qual se faz realmente necessária, é bem mais cara. Por exemplo, um bom PC para games sai mais caro no total que um console,  embora tenha algumas vantagens. Existem desktops mais baratos que consoles (e notebooks), mas eles são ruins para jogos. Já os notebooks para jogos (tipo Alienware) tem um custo/benefício muito pior que um bom desktop montado.

Defensores de PCs dirão que os gráficos são melhores que os de consoles e tem razão, mas gráficos de consoles high end são suficientes para a maioria.  Dirão também que o valor de cada jogo de console é maior, e isso é importante se alguém pretende comprar muitos títulos, mas comprando 3 jogos ... Também dirão que os controles do PC (teclado, mouse) são mais precisos em jogos de tiro, de estratégia, e etc, mas de novo mesmo tendo razão, nem sempre isso é motivo suficiente para todos. Resumindo, sim, PCs são a máquina ideal para uma certa parcela dos gamers, para a maioria no entanto isso não é necessário, e digo isso sendo eu próprio um PC gamer ...

Mas esquecendo por enquanto os jogos, se você quer editar vídeos, música ou gráficos, ou desenvolver software, ou rodar muitos programas de cálculos em massa, um desktop ainda é o mais indicado. Mas não qualquer desktop, para os dias de hoje pense em um Core i7 ou Phenon x6,  8 Gb RAM, discos de alta velocidade, placa de vídeo dedicada, etc.


Lendo isso tudo, mesmo não aceitando todos os argumentos, dá pra perceber que uma pessoa comum estaria mais bem servida como alguns, e não com UM destes equipamentos. Caso típico, a pessoa teria um smartphone (como não ter um hoje? é básico) , um tablet (para navegar casualmente na cama/sofá/transporte, questão de conforto apenas) e um notebook (tamanho normal de 14" ou 15", para os usos mais pesados), já são três tipos de dispositivos.

No meu caso atual, tenho smartphone, netbook (com o objetivo de ter um sistema operacional "normal" à mão, para poder criar documentos com eficiência, e não por causa da idéia do senso comum de "acessar a net") e desktop (jogos para PC e alguns usos técnicos). Tenho "mais ou menos" um notebook de 15,4" também, mas enquanto tiver os desktops percebi que na realidade não preciso de notebook. Por isso deixei este notebook ficar muito obsoleto, já tem mais de 4 anos, a bateria já se foi... quer dizer, eu praticamente não tenho notebook. Também não tenho tablet nem e-reader, mas estou na espera de uma oportunidade melhor. Então por enquanto também estou na marca de 3 tipos diferentes de máquinas, smartphone, netbook e desktop.

Então, qual destes 6 tipos de dispositivos é o ideal? Talvez todos ao mesmo tempo, e não é nenhum absurdo isso.

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