quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Solução Dockstation com Ubuntu e Android




(imagem do site da Canonical)
No início do ano passado (Fevereiro de 2011) a Motorola lançou o Atrix  com um conceito interessante: unificar a computação pessoal em um único aparelho. Não que isso já seja totalmente possível com o Atrix hoje, mas ela mostrou o caminho: o smartphone já possui poder de processamento considerável, suficiente para grande parte das atividades corriqueiras com um PC. Falta apenas um tela maior e teclado. Então o Atrix tem as opções da docstation desktop, que é praticamente um hub USB para ligar monitor, teclado e mouse no smartphone, ou a docstation notebook, ou seja, tudo isso integrado numa peça única em formato notebook, para encaixar o smartphone. Uma idéia muito interessante, que esbarrou em um problema: o preço. O Atrix em si já era caro, e as docstations, para o que eram (ou seja, terminais passivos), são caríssimas. Simplificando a conta, na minha opinião, no total a solução não deveria ficar mais cara que comprar um smartphone + netbook, mas ficava. Além disso, o padrão é proprietário, preciso comprar todas as peças da Motorola, o que não ajuda a baixar o preço. Com isso infelizmente esta solução promissora acabou virando uma curiosidade, para mim e acredito que para a maioria das pessoas, já que ela não se tornou popular. Veja neste artigo uma alternativa a este tipo de configuração vinda de ninguém menos que a Canonical.



Pois bem, um ano depois o conceito vem reciclado pela Canonical. A mesma idéia: o smartphone é o computador, basta ligar os periféricos. E tudo, é claro, integrado via Ubuntu, que rodará no smartphone junto com o Android. A idéia não é substituir o Android, e sim usar cada sistema em um modo diferente. Voltando ao Atrix, note que a solução da Motorola precisava de um software envolvido para criar o "modo PC". Quer dizer, quando se liga o smartphone na docstation a área de trabalho muda para outra, compatível com o trabalho típico com teclado e mouse. Não é apenas a imagem do celular ampliada na tela. A interface de usuário para celular é projetada para usar naquelas proporções de tela e entrada de toque. Pelo menos a que temos na versão do Android utilizada no Atrix. Então, ao se encaixar o aparelho na docstation, o celular "muda de cara" e entra no modo PC. Para o Ubuntu seria mais ou menos o mesmo, só que ao invés do software proprietário da Motorola temos o da Canonical. O Android rodaria no modo smartphone, e ao conectar na dock, entraria o Ubuntu. Aí começa o lado difícil, este software não é um app comum, porque é preciso mais integração com o Android, é um software de baixo nível e isso requer colaboração com os fabricantes. Além do software, seria preciso algum hardware genérico e padronizado de docstation, compatível com diversos fabricantes. E por fim, os aparelhos tem que possuir alguns requisitos mínimos, como HDMI e USB host (não apenas mass storage). O projeto ainda está em desenvolvimento inicial, e como acabamos de ver, dependendo de interesses comerciais dos parceiros.

Se tudo der certo, o sonho de unificar todo o processamento pessoal em um só aparelho, e a um custo viável, pode finalmente virar realidade. Não seria mais necessário sincronizar informações entre celular e PC, tudo já estaria no lugar, sem duplicidade, sem inconsistência. A única limitação seria a diferença de capacidade de processador e do HD, mas estas estão se tornando aos poucos irrelevantes por meio de coisas como aplicativos para browser em HTML5 e serviços de nuvem. Então, por mais que eu me entusiasme com a solução doscstation descrita acima, o futuro que vai se delineando começa a tornar até isso irrelevante. Quer dizer, talvez não precise unificar tudo no smartphone, porque já vai estar tudo unificado na nuvem, e ele é apenas mais um terminal.

A visão de futuro possível é a seguinte. Conexões Internet de alta capacidade e alta disponibilidade, mesmo móvel (esqueça o 3G que temos hoje), tornam possível aplicações conectadas 100% do tempo, rodando no browser, em qualquer aparelho, móvel ou fixo. Nada é instalado localmente, nada é armazenado localmente. Qualquer fotografia tirada no smartphone é sincronizada o mais cedo possível e de forma transparente no seu serviço de armazenamento de nuvem, e o mesmo para mensagens, contatos, textos, planilhas, tudo. O processamento local necessário vai se tornar transparente também. Hoje se comemora processadores dual core em smartphones, mas no futuro isso tende a ser esquecido, assim como já está sendo esquecido nos PCs. Quer dizer, no futuro todos os processadores de celular terão "n" cores, quantos exatamente não importa, mas será o necessário para deixar o sistema, browser, decodificadores de vídeo, etc, tudo funcionando a contento. E essa capacidade de processamento irá se espalhando por todos os aparelhos de consumo em que se fizer necessária. Exemplo, minha TV LED tem entrada USB, e já permite navegar e nas pastas e arquivos do pendrive, abrir os arquivos de midia (video, fotos, musica), decodificar diversos formatos de vídeo, reconhecer legendas em arquivos txt associados. Para fazer isso é necessário computação, e o processamento já está na TV, um computador minúsculo e integrado que também está nos celulares, e pode ir para qualquer coisa, sem ocupar muito espaço e por um custo mínimo. Pode ser integrado inclusive a  um monitor, um teclado, ou até ao mouse. Ou seja, quando o preço de produzir um monitor (ou teclado) com um computador integrado equivalente ao de um smartphone for quase igual ao de fazer sem isso, pra que docstation? Basta logar na sua conta de serviço em nuvem, e estará tudo lá.

Se este cenário acontecer, soluções como as do Atrix ou a proposta da Canonical seriam intermediárias, para o período de transição. Mas o que não é transitório em tecnologia? Então, torço para que dê certo, será pelo menos mais um passo na limpeza das tralhas da mesa de trabalho...

Fontes:
http://www.ubuntu.com/devices/android
http://www.hardware.com.br/noticias/2012-02/ubuntu-android-2.html

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