terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Retrospecto de 2014 na área de TI

Um ano é um tempo arbitrário para se fazer retrospecto em tecnologia. Ao contrário por exemplo da agricultura, que depende de estações do ano (logo, associadas ao período anual), e que podem ser relacionadas aos resultados das safras. Ou da contabilidade, que por tradição resume as atividades financeiras por ano. Os fatos ligados a tecnologia transcorrem em seu próprio ritmo, e podem fazer mais sentido em períodos maiores ou menores... Aqui no blog não tenho o hábito de fazer este tipo de análise anual. Mas em parte para seguir as tradições milenares da humanidade, em parte por diversão, vou listar alguns fatos relevantes de 2014. A escolha será totalmente arbitrária também, e quem achar que alguma outra coisa não incluída valia uma menção, é só colocar nos comentários.

domingo, 16 de novembro de 2014

.NET Framework será Open Sorce e rodará em Linux e Mac OS

A reinvenção da Microsoft continua inabalável, e na minha opinião, na direção certa. Segundo anúncio oficial da empresa em 12 de novembro,  a plataforma .NET será tornada Open Source, e rodará em sistemas Linux e Mac OS. Este artigo da Wired discute alguns aspectos desta mudança, que não vou repetir aqui.  Um passo correto, mas resta saber se não será tarde. A tenologia .NET é competidora direta do Java, que faz tempo é Open Source e cross-platform. Isso vem ajudando a adoção do Java com uma vantagem estratégica para as empresas, que com isso são livres para escolher o sistema operacional do servidor. E os programadores Java para escolher a máquina de desenvolvimento (Windows, Linux ou Mac OS). Agora tudo isso será possível com .NET. Já poderia ter sido feito há mais tempo, no entanto. A medida foi reativa e demorada, e fica difícil saber quanto mercado a MS já perdeu e ainda perderá por confinar o .NET por tanto tempo ao universo Windows. Pois mesmo implementando isto de imediato, várias organizações já devem ter planos em andamento para migração para outras tecnologias mais abertas, incluindo Java, então os efeitos benéficos a abertura do .NET podem demorar a aparecer.

Para os desenvolvedores .NET é uma boa notícia. Pode dar um fôlego maior à tecnologia na qual é especialista e melhorar o mercado de trabalho. Para os demais desenvolvedores também, pois aumenta as opções. Por outro lado, o suporte oficial da Microsoft ao projeto open source dá mais segurança ao mercado do que as soluções multiplataforma existentes para Linux (o projeto Mono por exemplo), e creio que vai melhorar o nível de portabilidade. Seria também interessante um Visual Studio oficial para Linux e Mac OS, mas neste momento não sei se vai chegar a tanto. Deveria. Por falar em Visual Studio, uma outra mudança é que agora o Visual Studio Community 2013 atenderá a todas as plataformas alvo, e não será particionado como o Express, que tinha um para Web, outro para Windows x86, outro para Windows apps, e etc. Na realidade, é dito na página de FAQ que o Community 2013 possui toda a funcionalidade do Professional. Muito bom! Você pode baixar o VS 2013 Community gratuitamente aqui (já estou baixando...). De fato, a Microsoft também demorou a perceber a importância de estimular a comunidade de desenvolvedores, quando na verdade colocava uma barreira a quem queria começar. Quantos desenvolvedores individuais já sairiam comprando o VS Professional caríssimo para colocar em prática a ideia de um app de smartphone? Ou para aprender C#? Sim, existia o Express, mas a pessoa já sente logo de cara as limitações da ferramenta grátis com relação à profissional, e tem a impressão que não irá muito longe com ela. Usuários do Eclipse sempre puderam baixar tudo de graça, e não há como lutar contra isso.

A Microsoft está se adaptando a uma realidade na qual grandes empresas já estão usando Linux maciçamente nos servidores, principalmente Web servers. Me pergunto agora o que será feito com relação ao SQL Server. Uma propaganda bem antiga da Oracle (talvez uns 10 anos atrás...) dizia mais ou menos isso: "Windows ou Linux? Tanto faz". Quer dizer, o Oracle já é multiplataforma há décadas, e os tomadores de decisão das empresas sempre tiveram a liberdade estratégica de escolher o sistema operacional do datacenter para instalar o BD. É uma vantagem inegável do Oracle. O SQL Server, ao contrário,  sempre rodou apenas no Windows, o que sempre passou despercebido em empresas que adotavam Windows para tudo. Se quiser ganhar penetração em outros ambientes, a solução obvia sera torná-lo multiplataforma também (mas neste caso, não open source, é claro, já que o objetivo é vender o software). Do contrário o SQL Server tende a virar uma caixa isolada do resto dos servidores, com as dificuldades de manutenção decorrentes disso. Como o SQL Server foi projetado e otimizado para Windows, desconfio que existam desafios em portá-lo para Linux mantendo a performance. E qual  impacto desta notícia teria no mercado de TI? Se isso acontecer, deve demorar para vermos algo deste tipo, mas no ritmo que a MS vem fazendo as mudanças, talvez não...

Fontes:
Microsoft
Wired
.NET Foundation

sábado, 25 de outubro de 2014

Comentários da semana (1), 25-10-2014


* A Microsoft  começa a abandonar a marca Nokia em smartphones, conforme já disse que faria várias vezes aqui no blog. Os fans incondicionais da Nokia (celulares) que leem este blog não podem dizer que foram pegos de surpresa! A mudança começará já neste final de ano, pelos conteúdos de marketing. Ver notícia completa no The Verge. Na realidade o contrato de compra do segmento de celulares da Nokia já previa a devolução da marca (como também já expliquei antes). O que faz sentido, já que a parte da Nokia que não foi vendida não deixaria outra empresa usando seu nome. Mas o que me surpreende um pouco é desativarem também, e em relativamente pouco tempo, a marca "Windows Phone". Eu já estava acostumado com a abreviação "WP". :-) Agora será apenas Windows. O nome Lumia também deve continuar. Algumas pessoas apontam que parte da resistência dos consumidores ao Windows Phone é justamente o desgaste das marcas Microsoft e Windows. É irônico, pois é justamente agora que a empresa está fazendo os melhores sistemas para usuário final. Por outro lado, muita gente que comprou WP nestes últimos anos aqui no Brasil o fez por causa do nome Nokia, que ainda tem boa reputação de qualidade por aqui. O nome Lumia serve como uma ponte entre Nokia e Microsoft, mas com a saída definitiva do primeiro, não sei até que ponto a Microsoft perde um apoio importante de marketing em um dos mercados mais receptivos ao WP no mundo.

* A era pós PC em números: a venda de PCs caiu 31% nos meses de julho/agosto, em relação aos mesmos meses de 2013. Fonte: G1 Tecnologia
É uma tendência que deve perdurar por algum tempo até que o PC se consolide apenas no nicho no qual é realmente necessário. Acabar de vez acredito que não vai, mas o que se entende por "PC" também está evoluindo com o tempo.

* O segmento dos games para PC também está mudando, e de certa forma se aproximando dos consoles, como nas Steam Machines, ou como neste Alienware Alpha. A arquitetura interna e o sistema operacional (Linux SteamOS ou Windows 8.1) vem do PC, mas o formato externo, a interface de usuário e forma de uso lembram mais um console. A mudança mais significativa é redirecionar o jogo para o sofá da sala de estar e a tela grande da TV, mas também tem o efeito de liberar os usuários que nunca gostaram de montar máquinas para jogos de fazer isto. Já os que gostam, por enquanto ainda existe a opção de comprar uma placa mãe e etc. Hoje em dia, com o hardware praticamente estabilizado e a necessidade de upgrades diminuindo, a minha tendência seria comprar uma caixinha pronta, se o preço for justo. E como é ressaltado na propaganda da Alienware, é um produto mais versátil que um console normal, pois basta plugar um teclado e mouse para ter também um PC. Mas aqui no Brasil elas ainda não são uma realidade viável, não são opção. Por aqui PC gamer que se preza ainda tem que montar PC (ou importar um dispositivos desses).


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Microsoft continuando o suporte ao N900

É uma consequência natural da compra da Nokia, mas ainda assim muito estranho ver o N900 dentro do site da Microsoft! :-) Pelo menos para quem acompanhou a saga do N900 desde o início, como um ícone do linux móvel e do software livre.  Por outro lado é bacana ver que a empresa está honrando os compromissos assumidos pela compra, acho que até além do que seria obrigatório. Parabéns à Microsoft! E vale a pena lembrar que isso em parte deve ser consequência de regras de respeito ao consumidor muito melhores que as nossas aqui no Brasil (a página que estou analisando é a versão para o Reino Unido, veja na URL o "en-gb"). Naveguei pelo site, e está bem completo, com as páginas de atualização do software, especificações, manuais, downloads. Não sei até quando esta página vai estar disponível, mas de qualquer modo,  fica registrado aqui o link. E tirei um printscreen para a posteridade. Como curiosidade, seguem os links diretos para Apps, Especificações, Software Update, Garantia e Reparo.  

A propósito, quem acompanha o blog e está imaginando, meu N900 ainda está plenamente operacional. Venho revezando ele, ou usando ao mesmo tempo,  com o Lumia 520 e o Nexus 4, e ultimamente tenho usado cada vez mais o N900. Para um smartphone comprado em 2010, ele está perfeito, e ainda me passa a sensação de um dispositivo top. Claro que ficam faltando os serviços de nuvem e redes sociais mais novos. E o meu interesse como plataforma de desenvolvimento de apps é nulo, já que o publico é muito limitado. O site Maemo.org também continua operacional, com recursos importantes sobre o N900,




domingo, 28 de setembro de 2014

Porque o iPhone 6 dobra facilmente

Um usuário, alleras4, do Imgur (um site de compartilhamento de fotos) ofereceu semana passada uma teoria razoável de porque o iPhone 6 está apresentando problemas de dobra frequentes, em tão pouco tempo depois do lançamento. Não seria apenas por causa da finura do corpo, nem pelo fato da carcaça ser de alumínio, um metal maleável. A causa seria falha no projeto estrutural interno. Um dos parafusos, localizado perto dos botões de volume, estaria atuando como um eixo de rotação entre duas partes estruturais internas. Ver nas fotos abaixo (do site iFixit), as marcações A e B. Desta forma o dispositivo estaria predisposto a dobra mediante um tipo particular de esforço, que atue neste ponto.

Na foto abaixo vemos o parafuso, que liga as duas placas de metal. A teoria faz sentido, sendo necessário é claro comprovação científica, mas vale a pena ser investigada a fundo (clique para aumentar):



Nesta outra foto temos o ponto em que estaria ocorrendo o dobramento, justamente na posição onde internamente fica o parafuso (clique para aumentar):


Se for verdade que o dobramento ocorre com mais frequência neste ponto, isto seria mais uma forte evidência de falha de projeto. Não pondo de lado o rigor, evidências não são provas, mas não devem ser ignoradas.

Mesmo comprovada a fragilidade apontada, creio que deve ser necessário fazer uma certa força, e ainda aplicar o esforço de um determinado jeito. Vamos admitir ainda que não se deva colocar um smartphone no bolso de trás da calça e sentar nele, ou coisas igualmente destrutivas,

Só que, se for mesmo como descrito acima, esta fragilidade particular poderia ter sido prevista e evitada. Para um objeto relativamente caro  como o iPhone, uma falha deste tipo, se comprovada, prejudicaria a imagem de qualidade que o produto tem entre o público, ou pelo menos deveria prejudicar. Ao que parece já foi esquecido o erro de projeto da antena do iPhone 4, que foi comprovado e fez a Apple distribuir capinhas de graça no EUA, de material isolante para evitar o contato simultâneo dos dedos com certos segmentos da antena. Não seria a primeira vez.

Seria interessante também ficar atento no futuro a qualquer revisão deste projeto em séries posteriores do iPhone 6, como por exemplo eliminação ou realocação deste parafuso. Uma modificação aí indicaria que eles estariam corrigindo a suposta falha. Engenheiros não ficam mudando projeto à toa, isso impacta na linha de montagem, no desenho das peças. etc, ou seja, em um custo imenso. Se houver mudança ali, equivale a reconhecer uma falha grave. E o custo da mudança, quem paga? Não eu.

Aos que já compraram, só restar ter mais cuidado. A não ser que a empresa admitisse falha e fizesse recall, o que é dificil. Mesmo comprovando a teoria acima, não se trata de um vicio que leve à falha de operação sob o uso normal... cuidadoso. Quem ainda não comprou, talvez devesse acompanhar mais de perto o desenrolar deste caso.

Fonte: Business Insider

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Larry Ellison deixa comando da Oracle: indícios do fim de uma era

O CEO da Oracle, Larry Ellison, anunciou esta semana que estava deixando o cargo. Ele talvez não seja o último daquela uma geração de empreendedores de tecnologia da década de 1970 a sair de cena, mas com certeza era dos mais conhecidos. Talvez não tão conhecido pelo grande público quanto Bill Gates ou Steve Jobs, já que os produtos da Oracle sempre foram mais voltados para o mundo corporativo, principalmente servidores de bancos de dados. Ainda assim protagonizava algumas aparições na mídia pelo comportamento um tanto extravagante, como por exemplo a insistência de pousar o jato particular em área habitada fazendo barulho. Se não era o último deste grupo de pioneiros, pelo menos para mim era dos mais representativos, e de cara assim, não consigo lembrar mais ninguém. A dupla do Google, por exemplo, eu já considero de uma outra fase, posterior (final da década de 90). Com isso vai sendo marcado o fim de uma era da TI, onde desbravadores criaram as bases do que temos hoje: computadores pessoais, internet, facilidade de acesso à informação, toda uma economia girando em torno disso.

Dos fundadores das maiores empresas de TI da década de 70, quem sobrou?  Steve Wozniac saiu da Apple alguns anos depois da fundação. Steve Jobs saiu por morte. Bill Gates deixou a MS para cuidas da fundação filantrópica, e o seu sócio Paul Allen que já havia saído muito antes, nunca ocupou cargo de chefia. Steve Ballmer, que também estava na MS desde o inicio apesar de não ser um dos sócios iniciais, já passou o bastão. O pessoal da Sun já vendeu a empresa. Os fundadores do Yahoo! já passaram o comando. Estou esquecendo algum nome nesta lista? Se alguém lembrar, comente. Claro que vai ser sempre incompleta, pois são muitas empresas e todas em algum grau contribuíram para o cenário atual, mas o critério aqui é mais pela projeção individual da empresa.

Outro tópico interessante relacionado ao tema é se empresas que são cuidadas pelos seus fundadores são ou não mais criativas,  inovadoras e agressivas. Tenho a nítida impressão que sim. A Google está a todo vapor porque a dupla fundadora ainda está no comando. Agora compare com a Microsoft, que apesar de estar fazendo produtos bons e com uma gestão que atualmente eu considero correta, está apenas lutando para sobreviver: não é suficiente. A Apple, agora finalmente lançou smartphones de telas maiores, seguindo tendência do mercado com anos de atraso (embora como disse o atual CEO, pudessem ter feito antes, mas só que não fizeram! Na verdade passaram anos em uma postura de que telas maiores eram uma espécie de erro), e vai lançar um smartwatch também muito depois da concorrência, numa postura claramente reativa. Steve Jobs está fazendo falta lá.

Fonte: Exame

domingo, 31 de agosto de 2014

Samsung vai licenciar o HERE maps da Nokia

A noticia do título pode soar estranha para quem acompanha tecnologia: Samsung licenciando o HERE MAPS (ver noticia no Ars Technica). O App do HERE para Android é exclusivo para Samsung . Ver o anúncio oficial aqui.  Analisando mais a fundo, é apenas mais um movimento previsível da Samsung, coerente com um padrão que já vem de anos. Mas primeiro, vamos esclarecer alguns pontos que talvez não sejam tão evidentes.

Primeiro, que a Nokia em questão não é a parte que a Microsoft comprou. A MS comprou apenas a parte de dispositivos e serviços da Nokia, juntamente com o direito de usar a marca por algum tempo. A Nokia ainda existe fora da Microsoft, e o HERE Maps é dela. Inclusive a Microsoft paga para incluir o serviço nos seus aparelhos, assim como a Samsung vai fazer. Segundo, se a Samsung tem tanto sucesso com Android, porque estaria deixando de lado o Google Maps e apelando para um concorrente? Neste caso é  menos evidente, mas a Samsung está faz tempo tentando diferenciar seus produtos e se tornar mais auto-suficiente da Google, tentando se aproveitar do fato de ser o maior fabricante de hardware (em termos de fatia de mercado) a adotar o sistema. Começa pela customização de interface gráfica do Android nos produtos Samsung, depois pela existência de uma loja paralela de apps Android, e no lado mais radical, pelo investimento em outro sistema operacional, o Tizen.

Neste artigo da Ars linkado no inicio, podemos ver que a Samsung está se armando de serviços substitutos para todos os da Google.  No texto ele fala que a próxima peça necessária seria a loja, mas na realidade como disse antes, a Samsung já tem, ou tinha: veio no meu primeiro tablet (Galaxy Tab 10.1, comprado a uns 2 anos), uma lojinha com poucos apps, e meio dificil de usar, meio quebrada, desisti de usar em poucos dias. E acredito que não foi lá um sucesso tão grande, pois nunca mais ouvi falar dela. Assim como o Tizen, que também está patinando faz décadas sem um produto de sucesso. E tudo isso custa muito dinheiro para manter. Mais dinheiro ainda para licenciar o Here Maps, e desenvolver os demais serviços alternativos. Enquanto eles estiverem vendendo mais que todos, isso passa, mas se houver problemas e perderem receita, tudo pode desmoronar rápido.

A Google, por outro lado, vem tomando contra medidas para evitar o "fogo amigo", estabelecendo maior controle sobre o Android. Mas nada impede quem quiser de pegar o projeto AOSP e criar um novo sistema sem os serviços Google, sem pagar nada para a Google, sem dar satisfação, e concorrente do próprio Android. Como era o Nokia X, por exemplo, ou dos  diversos fabricantes da China. É uma consequência de ser open source, e que por isso sempre irá acompanhar o sistema, complicando as coisas para quem queria escolhas simples. O mundo Apple é simples, homogêneo e completamente controlado. O Android é o oposto disso. Podemos pensar que é um preço justo a pagar por ter um sistema aberto de qualidade.

Por outro lado, estas divergências e ameaças dos "parceiros" no ecossistema Android nos lembra que quando tudo parece estar estabelecido, um mercado dividido entre dois concorrentes,  polarizado entre iPhone e Android, pode estar na realidade prestes a mudar totalmente. A Samsung pode a qualquer momento chutar o balde e se achar com poder para oferecer um terceiro sistema: ou um Android fora da Google Play e usando todos os seus serviços alternativos, ou o próprio Tizen, usando os mesmos serviços. E o tempo não para, e ainda estão rolando os dados...

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Novo update do Windows Phone 8.1: Pastas na tela principal

Hoje recebi mais um update para o Windows Phone 8.1, que deve estar disponível pelo menos para quem tem o Developer Preview ativado (versão do SO: 8.10.14147.180, veja em settings/about/more info, ou o equivalente em português, pois o meu continua em inglês por causa de Cortana ainda não adaptada na nossa língua). Entre as melhorias, está a possibilidade de criação de pastas na área de trabalho. Na verdade esta foi a única nova feature que eu achei fácil de visualizar testar, e também a que mais fazia falta. Instalei e testei o update no Lumia 520.

A criação da pasta funciona da mesma forma que no Android, arrastando um ícone de um aplicativo sobre o outro (só que aqui são "tiles" e não ícones). A primeira coisa que tentei foi isso, mas nas primeiras vezes não consegui, e tive que pesquisar na Web para confirmar que era assim mesmo. Parece que a sensibilidade para detectar que um ícone está sendo arrastado sobre o outro com a intenção de criar pasta não está tão bem calibrada. Tendo confirmado como fazer a pasta, tentei com mais paciência e foi. Ele espera confirmação da criação da pasta e pede um novo nome para ela. Com as pastas consegui colocar todos os tiles na tela principal sem arrastar, e os que sobraram pude aumentar.  Só isso já vele a pena no upgrade. Outras alterações são o suporte a VPN, melhorias no reconhecimento de linguagem natural de Cortana e melhorias na XBox Music.




quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Kindle Unlimited: livros por assinatura e a tendência de assinaturas para tudo


A Amazon está lançando um plano de assinatura ilimitado de livros digitais,  chamado Kindle Unlimited, tal como descrito neste artigo da Forbes, dando acesso a mais de 600.000 títulos do acervo da Amazon. O valor da assinatura é US$ 9,99 por mês, disponível por enquanto apenas nos US. Se este serviço assinatura de livros se mostrar viável, estaria consolidando a assinatura mensal ilimitada como uma forma alternativa de consumir os principais tipos de conteúdo por assinatura, uma vez que já existem serviços similares para filmes (Netflix, por exemplo), músicas (Spotity e Xbox Music) e jogos (existe uma modalidade de assinatura na PSN).

Acho válido analisar onde isso está nos levando. Atualmente o comsumidor vem se afastando gradativamente da posse e manuseio de mídias físicas (CD, DVD, papel, etc.) substituindo pelos arquivos digitais correspondentes (mp3, divx, mpeg, pdf, ebook, etc). Em uma segunda etapa, o usuário se desvincula da posse do arquivo, que vem por streaming , download temporário ou é visualizado apenas na nuvem, comprando direitos de execução ou visualização sobre cada obra (o filme no Google Play, a musica do iTunes, o livro do Kindle). Com a assinatura, o usuário também se desvincula dos direitos de visualização sobre as obras (por tempo ilimitado). Ele tem direitos de ver apenas enquanto a assinatura estiver ativa. É a forma de menor compromisso com alguma coisa "definitiva", e nada concreta.

Mesmo eu, ainda apegado aos meus LPs, CDs, DVDs e livros de papel, não tenho como negar a praticidade de assinar um valor fixo e ter acesso instantâneo a todo o acervo de um serviço destes. Não é preciso tomar decisões caras e irreversíveis, do tipo "compro este ou aquele?", ou mesmo, "alugo este ou aquele?". Já está tudo alugado. Nenhum espaço físico é necessário, nenhum cuidado de preservação, nenhuma preocupação com cópia de arquivos. E o valor das assinaturas geralmente é muito baixo. Mesmo para quem não pretende se desfazer das suas coleções, é um bom complemento.




terça-feira, 5 de agosto de 2014

Google Now Launcher para qualquer Android 4.1 ou posterior: unificando a experiência de uso do Android

Android unificado

A Google vem se esforçando para manter a experiência de usuário do Android sob seu controle. Uma recente iniciativa neste sentido é a disponibilização do Google Now Launcher, o que veio inicialmente com o Nexus 5, e posteriormente foi disponibilizado na loja para o Nexus 4 e os dispositivos Google Play Edition. Agora pode ser baixado por qualquer dispositivo Android 4.1 ou superior. A consequência disso é possibilitar uma experiência mais próxima do "Android puro" a quase qualquer usuário.

Sempre tive rejeição à launcher customizado por fabricante, principalmente aqueles muito diferentes (leia-se Samsung). Um dos motivos é simplesmente por ser diferente, ter que aprender um novo, não reconhecer de imediato os ícones, ter que descobrir onde ficam as coisas. O segundo é que considero o launcher da Google muito bom, com muita pesquisa e desenvolvimento agregada, e a maioria das alterações de outros fabricantes vem para piorar.  Por fim, acho que a fragmentação de experiencia de usuário prejudica a plataforma Android como um todo, diminuiu seu valor. Quem não concordar, sempre pode simplesmente baixar um dos vários launchers de terceiros. 

A possibilidade do Google Now Launcher ao alcance de todos e a compatibilidade dos aplicativos da Play Store entre várias versões ameniza os problemas da fragmentação que incomoda muitos usuários de Android desde o começo. O ideal a meu ver seria que o contrato de uso do Android com Google Play tivesse mais restrições e impedisse mudanças grandes na interface de usuário. Tipo, este laucher que agora está disponível, deveria vir como padrão. Assim o consumidor teria uma ideia melhor do que esperar ao comprar um Android, da mesma forma que tem ao comprar um iPhone ou mesmo um Windows Phone. Ainda não chegamos lá, mas foi dado um pequeno passo. No extremo oposto temos o Fire Phone, que é um fork do Android e que se esforça por ser diferente. Mas eles estão fora do Google Play, do apps proprietários e  serviços Google. (Via Softonic).

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Lumia 530: Microsoft aproveita o sucesso do 520 e tenta unificar a linha de smartphones no Windows

A Microsoft anunciou esta semana o Lumia 530, que tem relativamente poucas alterações com relação ao 520. Processador melhor (quad-core de 1.2 GHz, contra o dual core de 1 GHz anterior), cantos arredondados, já vem com Windows 8.1 e aceita cartão SD de até 128 Gb, e alternativa do modelo dual-SIM. Muita coisa fica igual: tamanho da tela, RAM de 512 Mb, a bateria é a mesma, tampa traseira removível, etc. E também houve alguns poucos "downgrades": o armazenamento interno caiu de 8 para 4 Gb, a espessura e peso aumentaram ligeiramente. O melhor downgrade no entanto é no preço: pelo menos lá fora, ele é comemorado como o Lumia mais barato já lançado até o momento. Com isso a Microsoft está mirando o mercado low-end, para competir com os Moto E e Moto G. Também tenta captar o usuário que vai comprar o primeiro smartpfone, para substituir o celular normal, e que não fez isso ainda em geral é pela questão do preço, principalmente nos mercados emergentes como Brasil e países da Asia. E por fim, comenta-se que ela tende a substituir definitivamente toda a linha Asha, com sistema S40, e ainda o "eXperimento" que foi o Nokia X. Com isso todos os smartphones Nokia utilizarão Windows Phone. É um movimento lógico e esperado. Ou seja, o lançamento do Lumia 530 atende a 3 objetivos ao mesmo tempo, com boa chance de êxito em todos eles. Boa tacada.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

A batallha dos assistentes pessoais inteligentes

A área de TI tem a característica de conseguir alcançar e até superar a ficção cientifica, ao contrário de outros setores da tecnologia, digamos, mais lentos. Temos filmes de ficção antigos que já previam para o ano 2000 viagens interplanetárias ou intergalácticas como algo comum, sem falar das cidades povoadas de automóveis voadores. Bom, 2000 passou batido e estamos presos aos motores de combustão terrestres, e já faz décadas que um humano saiu de órbita da Terra para pisar em outro solo (e paramos na Lua, que decepção, nem sequer é outro planeta). Já na área de computação, poucos filmes mostraram toda a extensão do progresso que já temos hoje, que nem era esperado ou imaginado. A parte de inteligência artificial é uma sub-área da informática que, ao contrário, ainda está muito atrás da ficção. Computadores já ganham de mestres do xadrez, mas estamos longe de termos uma consciência como a de HAL.  Mas associado a isto, tem um item recorrente da ficção, aquele computador que interage com humanos em linguagem natural, que foi aos poucos e sem alarde se tornando realidade. E já está funcional atualmente, ao alcance do consumidor comum.

Veja por exemplo aquela cena comum de Star Trek, o capitão ou outro oficial qualquer fazendo uma pergunta em linguagem natural ao computador da nave, e sendo respondido ou atendido. Neste seriado em particular, nada indica que o computador tenha uma consciência, vontade, sentimentos,  uma inteligência próxima a de humanos. Ele apenas responde funcionalmente à linguagem natural, a comandos de voz. Bom, isso já temos atualmente, em celulares e em carros. Esta interação por voz faz parte do que se está sendo chamando atualmente de assistentes pessoais inteligentes. Ver a definição neste artigo da Wikipedia. Não confundir com outros termos parecidos em tecnologia, como o PDA (personal digital assistant), aquele computador de mão pré-smartphone. Dando nomes, estamos falando aqui de Siri,  Google Now e Cortana (introduzidos no mercado nesta ordem).

sábado, 19 de abril de 2014

Ubuntu One: Menos um serviço de armazenamento na nuvem

O Ubuntu One, serviço de armazenamento de arquivos em nuvem da Canonical, vai fechar, conforme anúncio no site oficial. O prazo é primeiro de junho, sendo que até 31 de julho para retirar os arquivos. O serviço de vendas de músicas online também será descontinuado. Passei algumas horas fazendo a transferência dos meus arquivos pessoais, e depois até já cancelei a conta. Muitos deles eu não tinha cópia local, o que me leva a pensar o quanto ficamos dependentes destes serviços, e em tão pouco tempo passamos a confiar neles. Recebi a notícia como tristeza, pois o Ubuntu hoje ainda é minha distribuição preferencial para uso genérico, e fui usuário do One desde o início. Mas sempre fui um usuário não pagante.

Isso nos leva ao segundo ponto, o motivo alegado pela Canonical para descontinuar o Ubuntu One é financeiro, o serviço não se pagava e não tinha como competir com Google, Microsoft e etc. Mais detalhes sobre as explicações neste outro post da empresa. Isso também nos lembra a regra de que "não existe almoço grátis". Se a Microsoft e a Google estão nos fornecendo dezenas de gigabytes "gratuitamente", na realidade já paguei e continuo pagando cópias de Windows, do Windows Mobile, do Windows Phone (que deve virar free também, mas se trata de um reajuste de modelo de negócios e a grana vai sair de outro lugar), de Androids (que tem um custo para o fabricante, para licenciar os apps da Google, obviamente repassado ao consumidor), lendo propagandas, comprando coisas nas respectivas lojas online, e por aí vai. Não é grátis, está sendo subsidiado por outras receitas geradas pelos consumidores. É um ecossistema no qual o consumidor está na base da "cadeia alimentar", dando sustentação a tudo, de uma forma ou de outra. E quando a conta não fecha, a solução mais correta é esta mesmo, tomar logo a decisão e preservar a saúde financeira da empresa.

Os serviços da MS e do Google não creio que tenham perigo de acabar em algum momento próximo ou que se possa prever. Mas no longo prazo nada está 100% certo. O que me faz imaginar os problemas de um mundo em que só existissem dados de usuários na nuvem, a complicação de exportar diretamente de um serviço para outro, sem passar por download local  (hoje nem existe esta opção de transferência direta, por exemplo, do Ubuntu One para o Google Drive por exemplo).  Atualmente a maioria das pessoas ainda tem um desktop ou notebook com capacidade para fazer o download. Mas isso está mudando. Imagine alguém que só possui um tablet com 32 GB de armazenamento flash, mas tem 500 GB na nuvem, e o serviço anuncia que  vai fechar. Ok, não é comum hoje, mas os tablets estão se popularizando, e os Chromebooks também.

Mas fica a dúvida de se, ou como, a Canonical vai disponibilizar algum serviço de nuvem para o smartphone com Ubuntu que ainda planeja lançar. Pois como no exemplo do tablet acima, que tem um smartphone ou tablet rapidamente aprende que é mais prático guardar as coisas na nuvem. A sincronização de dados é transparente e nem sempre a pessoa se dá conta que está usando um "drive na nuvem". Exemplo são os dados de contatos, da agenda e das fotos do Android. Sem o Ubuntu One, a Canonical teria que abrir outro serviço, ou fazer acordo com alguma outra empresa.  Ou depender de terceiros para espontaneamente fornecer apps de armazenamento, como um do Skydrive ou Google Drive. Desta forma, perdendo controle sobre uma parte importante do negócio de ter uma plataforma mobile, e de uma potencial fonte de renda. Na verdade aos poucos , estou vendo os serviços de nuvem (email, mapas, armazenamento, musicas, etc) cada vez mais relevantes que o próprio sistema operacional.

E teve quem visse o lado bom disso, como neste artigo do site techrights.org, em que se destaca que com o shutdown do One, o Ubuntu vai passar a respeitar mais a privacidade dos usuários, ficando mais de acordo com as opiniões de Richard Stallman, que sempre foi um crítico deste tipo de serviço. De fato, não lembro exatamente as palavras usadas, mas uma das preocupações dele é que "com o uso cada vez maior do armazenamento na nuvem, talvez em algum momento não haja mais outra alternativa" (ou seja, local, HDs, CDs, pendrives e etc). E que nunca mais seus dados sejam seus. As "paranoias" de Stallman são sempre para mim um referencial a não se perder de vista.

Fonte:
https://one.ubuntu.com/services/shutdown/
e
http://blog.canonical.com/2014/04/02/shutting-down-ubuntu-one-file-services/


segunda-feira, 3 de março de 2014

O que a tecla Windows e o botão capacitivo do Windows Phone tem em comum?


Em algum momento no passado, os PCs usavam teclados bege padronizados, sem qualquer imposição de um fabricante. Embora o PC original tal como conhecemos tenha origem na IBM, ela não fez praticamente nenhum esforço para impor sua marca na identidade visual do produto, ou na compatibilidade dos periféricos. Mas fez um acordo de sistema operacional com a Microsoft, o que teria consequências imprevistas no futuro. Vários anos depois os teclados continuavam basicamente iguais (mudou do padrão PC-XT para o AT, outras mudanças mínimas), no entanto sem nada específico do fabricante. Estou me referindo à época de ouro dos clones, tanto os de marca (Dell, Compaq, hp, e até IBM) e os xing ling. A diferença entre os teclados até aqui era apenas de qualidade. O fabricante colocava um logo da sua marca, mas não se atrevia a mudar o layout. Até que veio a Microsoft, em algum momento em torno do ano 2000, e incluiu a tecla Windows, aquela entre o ALT e o CTRL, nos seus teclados. E ele rapidamente virou padrão. Na época em que o Windows dominava mais de 95% do mercado de sistemas operacionais para o usuário final (ou seja, de PCs), quem seria contra?

Particularmente nunca me incomodou, mas também nunca me foi útil. Eu sou mais um clicador, eu sempre cliquei no botão Iniciar... Na realidade a tecla Windows pode até atrapalhar em jogos (porque ao abrir o menu Iniciar força alternar para a tela do desktop, saindo temporariamente do jogo, o que pode ser chato ou mesmo "fatal"), motivo pelo qual o teclado em que escrevo no momento, o Logitech G15, tem uma chave para desabilitar a tecla Windows. Mas de fato, passei batido por esta tecla por anos, instalei várias distros linux em que ele não era necessária e não me incomedei, e a tecla Windows ficou tão esquecida quanto a "Scrool Lock", apesar da posição proeminente perto da Space (aliás só agora percebi que o G15 tem duas teclas Windows, uma de cada lado da espaço e dos ALTs! Ambas esquecidas e desabilitadas.).  Uma alteração recente no Windows Phone 8.1 me fez lembrar da tecla Windows, e fazer uma comparação.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Nokia X: tentando entender a estratégia, ou a falta dela

A Nokia (a parte mobile) foi vendida para a Microsoft no final do ano passado, e eu nem postei nada no blog, até porque não teria muito a acrescentar além do que já tinha escrito há vários anos desde que começou a parceria Nokia-MS. Ou seja, sempre desconfiei que esta era uma grande possibilidade.

Agora a Nokia vem com esse tal "Nokia X", um Android, que é justamente o que eu achava que eles deveriam ter feito na época da decisão de entrar no Windows Phone. E detalhe que eu nem condenava totalmente o Windows, a dúvida era: porque não também Android? Nada impediria a empresa manter as duas linhas, afinal eles basicamente fabricam e vendem hardware, e embarcam o SO próprio ou de terceiros. Fico pensando quando dinheiro a empresa não perdeu por por causa da decisão de apostar tudo no WP (Windows Phone).